O Carnaval é o segundo Natal do ano para a Garota Estranha, segundo as sócias Jéssica Soares e Ingrid Ávila
O Carnaval é o segundo Natal do ano para a Garota Estranha, segundo as sócias Jéssica Soares e Ingrid Ávila | Foto: Gustavo Carneiro



Com a proximidade do Carnaval, que será comemorado de 2 a 5 de março, pequenas empresas em Londrina já buscam as oportunidades geradas pela data para vender mais. Além de roupas, acessórios e objetos de decoração relacionados a personagens do universo geek, a loja Garota Estranha começou a exibir em suas araras e prateleiras tutus de tule coloridos, bodys temáticos estampados, tiaras, presilhas, brincos e adesivos corporais para o carnaval. Nada de fantasia de Batman ou Mulher Maravilha. A ideia é usar a criatividade para montar o look de carnaval combinando peças de roupas e acessórios fora do convencional.

Jorge Moraes, fundador da marca acessórios Vegale, começou a criar peças criativas e com bastante adereço para a data
Jorge Moraes, fundador da marca acessórios Vegale, começou a criar peças criativas e com bastante adereço para a data | Foto: Mie Francine Chiba



Jorge Moraes, fundador da marca de acessórios Vegale, já tinha o Carnaval no DNA da marca e não sabia. Depois de ver que uma de suas coleções, batizada de Total Crêizy - composta por brincos de pato de borracha, cabeças de Barbie ou de globo espelhado, por exemplo -, fez um grande sucesso, ele viu que tinha tudo para sua marca dar certo nas festas carnavalescas. "A Total Crêizy é que chama o pessoal para a banquinha (em feiras). Como vi que tinha saída, pensei: o Carnaval está aí." Por isso, esse ano, Moraes começou a criar acessórios criativos e com bastante adereço para a data. Tiaras de unicórnio e sereia, presilhas de cata-vento, ombreiras de coração com tiras coloridas, e brincos grandes em formato de arco-íris ou de pom-pom holográfico compõem a coleção criada por Moares para o Carnaval.

A médica veterinária Mariana Cavallari, da marca de acessórios Nós Colares, também entrou na onda do Carnaval. "A marca começou com colares, brincos, pulseiras, mas sempre gostei muito do Carnaval. E durante o ano, as pessoas me procuravam por causa da data." Foi assim, a médica começou a oferecer acessórios criativos para a festividade, como colares e tiaras de frutas, de girassóis, e mesmo com mensagens fortes - como "Girl Power", para os seus clientes.

Segundo o Sebrae, nos últimos sete anos (2011 a 2018), o número de MEIs (microempreendedores individuais) ligados ao Carnaval cresceu 312% nos principais palcos da festa: Recife, Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro. Serviços como atividades de tratamento de beleza, serviços ambulantes de alimentação e confecção de peças do vestuário (exceto roupas íntimas e as confeccionadas sob medida), se destacaram em 2018 totalizando, respectivamente, 28.698, 25.586 e 14.839 MEIs nas quatro capitais

Mas mesmo em cidades que não têm público para o Carnaval, as empresas podem agregar a temática ao seu negócio, comenta Liciana Pedroso, consultora do Sebrae/PR. "Se uma empresa tem produtos similares, pode acrescentar isso para aumentar as vendas. É uma oportunidade de agregar um produto, se é um negócio convergente."

Londrina não é uma cidade com tradição de Carnaval, mas os londrinenses não deixam de festejar por causa disso. Segundo contam os empreendedores entrevistados, o movimento em busca de roupas e acessórios para esse Carnaval está grande porque na cidade vizinha, Maringá, haverá desfile de blocos por vários dias. Os londrinenses também devem se dirigir para outras cidades, como São Paulo, e sair de viagem já com a roupa do Carnaval pronta.

Jorge Moraes costuma passar o Carnaval em São Paulo. Lá, ele conta que viu um desejo muito grande dos consumidores por acessórios ousados para a data, como as tiaras grandes e cheia de adereços. Mas em Londrina, era difícil encontrar esse tipo de produto e os preços na capital paulista eram mais altos. Assim, ele pesquisou materiais para poder oferecer esse tipo de acessório a um preço mais acessível por aqui. O empreendedor também enxergou um nicho no público LGBT e, ao ver que muitas drag queens não têm furo nas orelhas, ele começou a vender brincos de pressão.

'Segundo Natal'
O Carnaval é o segundo Natal do ano para a Garota Estranha, conta Ingrid Ávila, sócia da loja junto com Jéssica Soares. Segundo elas, as vendas do Carnaval é que sustentam a loja nos dois primeiros meses do ano, já que a comercialização cai bastante em janeiro. E com os eventos programados nas cidades ao redor, a expectativa é que as vendas aumentem 20% esse ano. A fim de potencializar as vendas, as empreendedoras divulgam nas redes os eventos de Carnaval que vão acontecer e aproveitam a deixa para chamar os seguidores para a loja.

Para conseguir bons resultados, o importante é a pessoa estar conectada no que está acontecendo em volta e manter uma rede de relacionamento, diz Liciana Pedroso, do Sebrae. Ficar atento às mudanças das preferências do consumidor é outro ponto de atenção. "Ninguém se fantasia de Batman e Mulher Maravilha todo ano", avisa a consultora.