A Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) avaliou como não positivas as mudanças realizadas pela presidente Dilma Rousseff no artigo 61 do Código Florestal. Em nota oficial, a Faep considerou ''um retrocesso, por exemplo, o anúncio de que a questão das áreas de agricultura consolidada, algumas há mais de um século, não terem sido respeitadas''. A assessora de meio ambiente da Faep, Carla Beck, explica que o texto obriga todos os produtores a recuperarem áreas. No texto anterior, a imposição só era colocada aos agricultores que desmataram após 22 de julho de 2008. Os produtores terão cinco anos para se adaptar, sob pena de serem impedidos de obter créditos. ''Essa mudança não nos parece positiva, pois interfere em áreas consolidadas'', argumenta.
O governo fez um escalonamento das faixas de recuperação das APPs de acordo com o tamanho da propriedade. Os demais órgãos representantes do setor produtivo do Estado não se manifestaram sobre os vetos da presidente Dilma. A Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar) e a Sociedade Rural do Paraná (SRP) irão aguardar até segunda-feira para avaliar a medida provisória que descreve detalhadamente os vetos e alterações. A Faep também fará uma avaliação mais completa após a publicação do texto.
O presidente do Sindicato Rural de Apucarana, Jorge Nishikawa, se diz revoltado com as indefinições relacionadas ao Código Florestal. Ele classifica o Código que está em vigor desde 1965 como um ''fiasco'', pois possui uma taxa de apenas 10% de produtores averbados. ''As negociações e acordos transformaram o Código em uma colcha de retalhos confusa e que terá dificuldade de ser implantada'', avalia. Nishikawa ressalta que a elaboração de um novo texto deve ser feita com base em critérios técnicos e não políticos, e que os agricultores deveriam receber compensação pela preservação ambiental.