As operadoras e os provedores de internet tiveram, conforme acordo firmado entre eles, até 31 de dezembro para fazer o bloqueio da porta 25 – muito utilizada atualmente por crackers para envio de spam ou e-mails indesejados para o mundo todo - para a submissão de e-mails por usuários residenciais. A medida, batizada de Gerência da Porta 25 pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), consiste em um conjunto de políticas e tecnologias para implantar um sistema de redução de spams originados em redes domésticas do País.
Segundo a engenheira Rosângela Tonon, da Sercomtel, que também integra o grupo da Gerência da Porta 25 do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (Sinditelebrasil), a previsão era que quase todas as operadoras estivessem com a mudança concluída até o final do ano passado. Apenas a GVT iniciaria projeto piloto em Campo Grande (MS) em dezembro e, se a experiência se mostrasse positiva, a implantação da Gerência seria aplicada ao restante da rede até abril deste ano de 2013. De acordo com Eduardo Levy, diretor-executivo do Sinditelebrasil, o cronograma em que a GVT se encaixa já havia sido acertado no ano passado.
Conforme nota enviada pela assessoria de comunicação da GVT, a prestadora está "em processo de adaptação e implementação gradativa dessas medidas" e "entende a importância da ação já que grande parte dos e-mails falsos são enviados por esta porta e a nova configuração poderá reduzir sensivelmente o número de spams na caixa de entrada dos usuários".
Levy avaliou positivamente o desempenho das operadoras de telefonia nesta mudança e, sem revelar números, afirmou que o Brasil saltou da terceira posição entre os países que mais enviam spam no mundo para fora da lista dos dez primeiros. Ele avaliou o desempenho das prestadoras de serviço como "excepcionalmente bom", mesmo em se tratando de uma medida que afeta o princípio de neutralidade da rede, ou seja, o tráfego de informações na rede.
A Gerência da Porta 25 foi um acordo que envolveu órgãos de defesa do consumidor e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) por ser uma medida que se mostrou ser eficaz no mundo todo, ressaltou Levy.
Segundo dados do CGI.br, ainda restam cerca de 10 milhões de usuários – ou 20% - que precisam alterar a configuração de seus leitores para envio de e-mails pela porta 587/TCP. Caso não o façam, Eduardo Parajo, conselheiro do CGI.br, salienta que o e-mail "não vai parar de funcionar", mas o software continuará utilizando a porta 25 para o envio de mensagens e estes não chegarão a seus destinos.
A medida atinge apenas o usuário final que utiliza programas de e-mail como Outlook e Thunderbird. Quem usa webmail não será afetado e não precisa tomar qualquer atitude. Orientações sobre como alterar a configuração podem ser encontradas no portal criado pelo CGI.br com informações sobre a Gerência – www.antispam.org.br – ou com o próprio provedor de e-mails.
A Sercomtel, que efetuou a mudança de porta para usuários residenciais em 2007, agora se prepara para conscientizar usuários corporativos, afirma Rosângela Tonon, engenheira da operadora de telefonia. "Além de implantar a Porta 25, é preciso conscientizar o usuário final sobre o spam", acrescentou.

Imagem ilustrativa da imagem País está fora da lista dos dez maiores do spam