O empresário Massaro Murayama usou linha de crédito para para fazer pequenas reformas em casa e comprar veículos: "É uma espécie de poupança programada"
O empresário Massaro Murayama usou linha de crédito para para fazer pequenas reformas em casa e comprar veículos: "É uma espécie de poupança programada" | Foto: Ricardo Chicarelli


Em tempo de crise, o consórcio se mostra uma linha de crédito barata. Com taxas de administração menores do que os juros dos financiamentos bancários, a modalidade registrou crescimento de negócios de 25% no primeiro quadrimestre deste ano, comparado ao mesmo período de 2016. As novas adesões representaram um incremento de 6,9%.
Os negócios contratados avançaram de R$ 23,02 bilhões (janeiro a abril de 2016) para R$ 28,78 bilhões. O tíquete médio de R$ 42,7 mil, em abril, foi 21% superior aos R$ 35,3 mil registrados no mesmo mês de 2016.
A aquisição de cotas mostrou crescimento em cinco dos seis setores – veículos automotores, imóveis, serviços e eletroeletrônicos e outros bens móveis duráveis –, com destaque para serviços, que manteve a liderança, com alta de 126,3%. Na sequência vieram eletroeletrônicos e outros bens móveis duráveis, com 31,6%; veículos pesados, com 20,1%; imóveis, com 19,2%, e veículos leves, com 16,2%.
Em Londrina, as vendas de consórcios tiveram um aumento de 3% na comparação com o primeiro quadrimestre do ano passado. As vendas do setor de automóveis apresentaram um crescimento de 21%. Ao analisar apenas as vendas de abril, este setor teve uma alta de 65%.
O Paraná liderou as vendas de cotas para imóveis em 2016, de acordo com dados da Abac (Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios). A participação do Estado foi de 34,6%, ou seja, a cada dez imóveis comercializados ano passado, no âmbito do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos), três estavam no Paraná, seguido pelo Rio Grande do Sul (24,1%) e São Paulo (23,3%). Os melhores desempenhos foram na região Sul, com 27,1%, e Sudeste, com 22,1%.
"Notamos que o consumidor do Paraná está mais atento a seu planejamento financeiro e encontrou no consórcio uma forma de dar um upgrade comprando um imóvel ou adquirindo um segundo bem. Em 2015, o Estado ocupou a segunda posição e este ano subiu para o primeiro lugar", afirmou Paulo Roberto Rossi, presidente-executivo da Abac.
O desempenho positivo do consórcio surpreendeu o setor. "Depois dessa crise, o consumidor está mais atento as suas finanças pessoais. Ela (crise) foi péssima em vários setores, mas mostrou que é preciso pensar em planejamento e os indicadores mostram uma recuperação da economia", comentou Rossi.
Em abril, houve recorde de comercialização de cotas (182 mil). No ano passado, foram 120 mil no mesmo mês. O setor de motocicletas foi o único que apresentou retração (-7,4%). De acordo com o presidente da Abac, um reflexo do alto índice de desemprego.

POTENCIAL
O técnico em segurança do trabalho Amilton Rogério Gois, de 36 anos, optou pela linha de crédito em função das facilidades de liberação da carta e as taxas de administração. Gois fez pesquisa e comparou as taxas de várias empresas e instituições financeiras. "O valor das prestações também influenciou. É uma compra planejada e mais vantajosa", comentou o técnico. Ele já foi contemplado com a carta de crédito de um automóvel e de uma motocicleta. "Quando tiver quitado tudo quero fazer outro", disse.

Para o gerente regional do Consórcio União, Rafael Carraro, a dificuldade de acesso ao crédito financeiro vem impulsionando a procura pelo consórcio. A empresa registrou uma alta de vendas de 18% em abril em comparação com o mesmo mês do ano passado. Em relação aos veículos, o aumento foi de 34%.
"O consumidor está procurando alternativas mais baratas para conseguir o bem. E o consórcio é uma solução mais segura e viável no valor final. Percebemos, historicamente, uma produção melhor no segundo semestre. Estamos projetando um crescimento acima dos dois dígitos", avaliou Carraro. O executivo afirmou que o consumidor londrinense gosta dessa modalidade de investimento e que o mercado tem possibilidade de chegar entre 10% e 12% de crescimento no ano.