Construtoras da região de todos os portes conversaram com a reportagem e concordam que a delação da JBS até gerou um impacto nos negócios quando a bomba estourou em maio, mas como os números econômicos continuaram sólidos após as denúncias, a procura logo retomou. As construtoras também confirmaram que vão manter os lançamentos para o segundo semestre e apostam numa boa procura pelos novos empreendimentos. Tudo indica um fechamento de 2017 positivo.

O diretor comercial da Vectra, Cléber Maurício Santana, relata que o primeiro semestre da construtora começou bem e seguiu positivo até abril. "Quando a notícia veio à tona, sentimos um baque no primeiro mês. Agora, há três semanas, já estamos sentindo o reaquecimento dos negócios."

Para o Santana, apesar da política, "as taxas continuam cedendo e os bancos já estão mais acessíveis". Outro ponto citado por ele é que se percebe uma retomada pelos financiamentos e os investidores voltaram a notar os imóveis como uma boa aposta. "Todos entenderam que esse cenário político deve se arrastar, mas a economia está seguindo. Outro ponto interessante é que como as pessoas pouparam nesse período, os negócios que estamos fechando agora estão mais sólidos, com os clientes mais capitalizados, o que traz segurança. Manteremos os nossos lançamentos, serão três empreendimentos a partir de agosto".

O gerente regional de Londrina do Grupo Plaenge, Olavo Batista, relata que o primeiro semestre da empresa foi movimentado devido a um lançamento que aconteceu no final do ano passado. "Começamos 2017 com um produto novo, que teve boa aderência no mercado e a velocidade das vendas correspondeu". A construtora confirma para o terceiro trimestre um produto mais sofisticado que o lançamento anterior e pretende manter a velocidade segura dos negócios. "O otimismo é maior que o pessimismo e nossa perspectiva é que no segundo semestre as reformas andem e a Selic continue caindo, o que nos ajuda nos financiamentos de longo prazo. Além disso, acreditamos que as pessoas em momentos de incerteza procuram por investimento seguros e a Plaenge transmite essa segurança".

Com experiência no segmento da construção civil há 30 anos, Luiz Antônio Rodrigues é um dos sócios da DR Engenharia, empresa com sede em Arapongas, focado na construção de edifícios no sistema de condomínios. Ele relata que até o ano de 2015 vinha num ritmo de dois lançamentos por ano, mas que nos últimos dois anos segurou novos empreendimentos. "O que percebemos agora é que o pessoal está com o interesse em voltar a investir. É uma retomada tímida, mas está acontecendo".

Neste ano, Luiz comenta que realiza estudos de prospecção para novos empreendimentos, já que ele acredita que haverá falta de produtos no mercado daqui pra frente. Entre 2018 e 2020, além de pensar em novos lançamentos, a DR Engenharia irá entregar 12 edifícios nas cidades de Arapongas e Apucarana. "Acredito numa retomada, não da forma que tivemos entre 2005 e 2013, mas a partir do ano que vem esperamos maior retorno. Tudo isso que vivemos será superado".

O diretor de Incorporação da A.Yoshii, Sílvio Muraguchi, diz que as incertezas políticas atrapalharam os negócios no primeiro semestre. Mas, a região foi menos afetada devido ao bom desempenho do agronegócio. Apesar do cenário político, ele ainda acredita na aprovação das reformas em 2017, o que "dará mais ânimo à macroeconomia".

A empresa, segundo ele, fez dois lançamentos neste ano, um em Maringá e outro em Curitiba. "Estamos nos preparando para o terceiro em Londrina. Além desses, outros projetos estão em estudos e já aprovados, aguardando a oportunidade de se viabilizarem ainda neste segundo semestre", conta.

Muraguchi diz acreditar que o setor vá crescer 1% neste ano. "Mas isso será sentido de forma diferente pelas empresas do setor, já que o bom desempenho estará associado à criatividade, boa gestão e inovação para se sobressair no mercado, além da localização geográfica de ação de cada empresa", alega.