Para Ivo Augusto de Abreu Pugnaloni, presidente da Associação Brasileira de Fomento a Pequenas Centrais Hidrelétricas (Abrapch), não poderia haver um "momento pior" para o governo anunciar sua intenção de vender as ações das estatais. "Não é hora de vender nada. Não se pode vender ativos em baixa. O segundo melhor negócio do mundo é uma companhia de energia elétrica mal administrada", diz ele, afirmando que o primeiro é uma companhia de energia elétrica bem administrada.
Pugnaloni ressalta que trata-se de um mercado "completamente cativo", que não tem concorrência no Paraná. "A Copel é uma das melhores do setor, é de excedente qualidade. Não tem por que vender agora a qualquer preço", declara. Para ele, o Estado tem uma série de alternativas para buscar recursos. "Pode cortar cargos comissionados, há despesas terceirizadas com licitações obscuras", exemplifica.
Analista da Guide Investimento, Rafael Yassuo Ohmachi, afirma que o Brasil está passando por um processo de mudanças e que deve começar a despertar mais interesse dos investidores estrangeiros. Mas, por enquanto, não acredita que o governo do Paraná consiga vender as ações das companhias pelo valor patrimonial. "O mercado está colocando um desconto ao redor de 40% sobre o valor das ações no balanço das empresas", afirma.
Ohmachi considera que, para vender as ações "com prêmio" sobre o valor de mercado, o Estado precisaria fazer uma venda em bloco para algum "player" do setor. "O certo é contratar uma instituição (consultoria) para realizar esse negócio", declara.
Jean-Paul Prates, presidente do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (Cerne), prefere não opinar se este é um bom momento para venda de ações. Ele afirma que o setor "encolheu" devido à crise econômica do País e, consequentemente, da redução da estimativa de demanda de energia necessária para os próximos anos.
O impacto no setor pode ser observado, segundo Prates, pelo cancelamento e adiamento de leilões de energia. "É mais que esperado que empresas que apresentem custos maiores tentem enxugar ao máximo esses custos por meio de um replanejamento estratégico, que pode incluir venda de ativos ou até redução nas atividades", alega. (N.B.)