Depois de mais de uma década acumulando prejuízos, a Sercomtel vem apresentando resultados positivos nos últimos dois anos. Mas, a viabilidade da telefônica pública num mercado formado por empresas gigantes e privadas é sempre alvo de questionamento. Em 2001, o ex-prefeito Nedson Micheletti (PT) realizou um plebiscito com objetivo de vender a Sercomtel Celular – na época a empresa era dividida. A população disse não, mas a privatização nunca deixou de ser cogitada.
Para o atual presidente, Guilherme Casado, é possível que a empresa cresça e mantenha-se sustentável sem capital privado. Ele afirma que, mesmo na telefonia celular, segmento no qual tem mais dificuldade de competir, a Sercomtel é viável. Desde 2013, de acordo com ele, a operadora vem recuperando clientes. "Eram 57 mil (naquele ano), passaram a 67 mil no ano passado. Hoje são 75 mil e vamos fechar o ano próximo de 80 mil", projeta.
Casado cita o exemplo de duas empresas pequenas de telecomunicações que seriam casos de sucesso, embora privadas. "O melhor exemplo é o da GVT. Foi criada em 2003 em Curitiba, nunca teve telefonia móvel e foi vendida recentemente à Telefônica (Vivo) por R$ 22 bilhões. A GTV tem os melhores indicadores financeiros do setor, com uma margem Ebitda de 38%, que, para o mercado brasileiro, é muito elevado", ressalta.
Outro caso citado por ele é o da Algar Telecom (antiga CTBC). "Com sede em Uberlândia, ela atende o Triângulo Mineiro e norte de São Paulo. Teve o maior crescimento de lucro no primeiro trimestre deste ano", aponta.
Para ele, mesmo mantendo-se de economia mista, a Sercomtel tem condições de crescer. "Nosso processo decisório é mais simples que os das gigantes. Nosso tempo para tomada de decisão, que depende de processo licitatório, acaba sendo o mesmo que o delas", declara. Além disso, na opinião dele, a operadora londrinense tem condições de analisar seus custos e mercado com precisão maior. A força da marca e a qualidade do atendimento seriam outros trunfos da empresa.
Embora afirme que a gestão vem sendo profissionalizada nos últimos anos, ele ressalta que a Sercomtel sempre se sustentou. "Com exceção dos dois terrenos passados para a empresa em 2014, no valor de R$ 7,2 milhões, os sócios nunca precisaram fazer aportes. Os prejuízos foram sempre contábeis", alega. A Prefeitura tem 55% das ações ordinárias da empresa e a Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel), os outros 45%. "Nunca atrasamos uma duplicata em 50 anos. Nunca ficamos inadimplentes, nunca atrasamos salários", emenda.
Questionado sobre os momentos em que a empresa foi utilizada pela Prefeitura para acomodar indicações políticas, ele acredita que isso não irá acontecer de novo. "Há uma conscientização geral da sociedade no sentido de profissionalizar as estatais. Tem a lei 13.303/2016 que estabelece critérios mínimos de indicação e eleições para diretores de estatais. Há hoje uma arcabouço jurídico que protege as companhias públicas", ressalta.
De acordo com o presidente, a empresa tem atualmente apenas dois cargos de assessores comissionados indicados pelos sócios, num universo de 600 funcionários. A folha de pagamento, de acordo com ele, chega a R$ 50 milhões por ano. (N.B.)