São PAULO - O aumento da taxa básica de juros ontem pelo Banco Central foi bem recebido pelo mercado de câmbio. A moeda norte-americana fechou pelo quarto dia consecutivo em baixa, com desvalorização de 1,39%, cotada a R$ 3,525.
O C-Bond, principal título da dívida externa brasileira transacionado no exterior, fechou com alta de 2,46%. Essa valorização trouxe o risco-país, medido pelo JP Morgan, para 1.477 pontos, o menor nível desde junho.
A alta dos títulos externos brasileiros nas últimas semanas tem sido interpretada pelo mercado interno como um sinal de confiança no novo governo.
Apesar de ter surpreendido alguns, o aumento dos juros em três pontos percentuais é um sinal de que o governo está ''preocupado'' e ''atento'' e não abandonou o regime de metas inflacionárias. Por isso, o dólar continuou a cair.
Para Aquiles Mosca, economista do ABN-Amro Asset Management, uma das consequências da elevação da taxa é a entrada de novos recursos do mercado externo. Esses ativos ajudam a aumentar a liquidez e, consequentemente, contribuem para a valorização do real.
Apesar da volatilidade, desde que Henrique Meirelles foi indicado para ser o novo presidente do Banco Central o dólar entrou em queda. Segundo analistas, o anúncio feito ontem por ele, de que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, irá conceder mandatos fixos para os dirigentes da instituição, ajudou a aumentar o otimismo do mercado.
Entretanto, segundo Marcos César Forgioni, da corretora Souza Barros, o volume de operações no mercado de câmbio foi grande, principalmente de empresas importadoras que se aproveitaram da cotação menor.
Para alguns analistas, essa ''corrida pelo dólar'' pode também ser vista como a crença, por parte das empresas, de que a moeda pode voltar rapidamente a subir.