Curitiba - A mobilização dos caminhoneiros já começa a comprometer o abastecimento de frigoríficos no Paraná e no restante do Brasil e pode trazer problemas para o fornecimento de carnes. Os frigoríficos poderão deixar de receber bois, aves e suínos e, com isso, pode faltar produtos industrializados prontos no varejo. Ontem à tarde, cerca de 20 pontos estavam bloqueados nas rodovias estaduais e federais do Paraná. As informações são do presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) e do Sindicato da Indústria de Carne do Paraná (Sindicarne-PR), Péricles Salazar.
Para ele, a Lei do Caminhoneiro que entrou em vigor em junho deste ano, não foi discutida suficientemente. ''É preciso fazer uma revisão desta lei.'' Segundo Salazar, ainda não há uma estimativa de prejuízos no setor com a paralisação dos caminhoneiros. Ele disse que hoje há cerca de 100 empresas afetadas no Paraná entre frigoríficos, entrepostos comerciais, distribuidores e fornecedores do setor.
''Caso a mobilização dos caminhoneiros continue, até o final da semana podemos ter desabastecimento no atacado e no varejo'', disse. Conforme ele, o setor de carnes mais prejudicado é o de aves porque utiliza muitos insumos. Com um volume menor de oferta, ele também prevê que os preços fiquem mais caros para o consumidor final.
De acordo com o gerente de logística da Cooperativa Agroindustrial Lar, Ademir Pereira da Silva, os produtos tem demorado de seis a oito horas a mais para chegar aos clientes e ao Porto de Paranaguá, no caso das mercadorias destinadas à exportação. Ele prevê que se a greve durar mais dois ou três dias a cooperativa terá prejuízo financeiro. A Lar exporta cerca de 50% da produção de frango em corte. A cooperativa com sede em Medianeira abate 230 mil aves por dia.
Para Agostinho Exteckoetter, que é gerente de logística da Copacol de Cafelândia, a preocupação é tanto com o abastecimento de matéria-prima para a cooperativa quanto com o escoamento dos produtos acabados. A Copacol produz frango inteiro e em cortes e abate 320 mil aves/dia. Caso, o movimento dos caminhoneiros dure mais três dias, a cooperativa começará ser prejudicada. ''Apoiamos o movimento desde que não traga impacto para as empresas'', declarou.