A prevalência do acordado sobre o legislado em negociações trabalhistas depende de sindicatos fortes, o que só é viável por meio da manutenção da contribuição sindical obrigatória, disse o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira. "Se nós queremos valorizar a convenção coletiva, os acordos coletivos, precisamos de sindicatos com autonomia e estrutura. Isso não é possível sem contribuição sindical. Essa é minha posição", disse o ministro a jornalistas após participar de evento organizado pela União Geral dos Trabalhadores (UGT) em São Paulo nesta terça (25).
A proposta de eliminação do chamado "imposto sindical", valor descontado anualmente do salário equivalente a um dia de trabalho, foi introduzido na reforma pelo relator do projeto, o deputado Rogério Marinho (PSDB-RN). Apesar de sua posição, Nogueira disse respeitar a proposta de Marinho e a decisão que o Congresso tomar em relação à reforma. "O governo respeita a vontade soberana do Congresso", afirmou. O

"LÍDER"

"Único acerto do governo" e "líder de todos nós". Foi assim que dirigentes sindicais se dirigiram a Renan Calheiros (PMDB-AL) nesta terça-feira (25), durante reunião contra a reforma trabalhista. Renan ouviu atentamente a sindicalistas e fez um discurso duro em que chamou a reforma trabalhista de "retrocesso" e disse que as mudanças vão piorar ainda mais a crise financeira que assola o País.

"Estamos diante de uma coisa terrível e muito grave, uma revisão da reforma trabalhista como um todo e a revogação de cláusulas da Constituição. Uma coisa é atualizar, modificar e transformar, outra é desmontar", afirmou Renan sob aplausos de integrantes da Força Sindical, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), entre outras.

O ex-presidente do Senado tem se comportado como líder da oposição e feito críticas recorrentes às reformas propostas pelo governo Temer. Ao lado da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), uma das poucas peemedebistas que endossam seu discurso na bancada, Renan se comprometeu a prolongar a discussão do da reforma trabalhista no Senado, ao contrário do que ele argumenta ter sido feito na Câmara.

"Já conversei com Eunicio (Oliveira, presidente do Senado) e, por mais acelerado que ele seja, não será acelerado ao ponto de impedir a interlocução com a sociedade, centrais sindicais e movimentos sociais", disse Renan.