Na avaliação de analistas do mercado, a saída para a instabilidade é que a situação de Michel Temer seja resolvida o quanto antes
Na avaliação de analistas do mercado, a saída para a instabilidade é que a situação de Michel Temer seja resolvida o quanto antes | Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil



A aversão a risco dominou os ativos brasileiros nesta segunda-feira, 22, com a percepção crescente de que o presidente Michel Temer (PMDB) não conseguirá se manter no cargo e que as reformas não avançarão enquanto a crise não for resolvida. A consultoria Eurasia divulgou que relatório segundo o qual a probabilidade de o presidente cair é de 70%, bem acima dos 20% estimados desde dezembro do ano passado.
Mas os economistas e analistas de mercado são cuidadosos ao comentar essa possibilidade. "O mercado tem mais medo de que ele (Temer) caia do que fique", afirma Laércio Rodrigues de Oliveira, delegado do Corecon-PR (Conselho Regional de Economia do Paraná). Mas, ele acredita ser difícil a permanência do presidente no cargo. "É lamentável, justamente quando a economia voltava a andar, com a indústria dando sinal de que estava crescendo, a inflação e os juros baixos, e com expectativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto)", resume.
De acordo com o economista, o maior receio do mercado é o de uma mudança da equipe econômica. "Esperamos que, se o presidente cair, continue a política econômica e a aprovação das reformas", declara. Para ele, o ideal seria a continuidade deste governo até as eleições de 2018, caso Temer conseguisse manter a governabilidade.
O diretor de Economia da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Miguel Ribeiro de Oliveira, diz que o "melhor dos mundos" seria que "nada disso (escândalo político)" tivesse acontecido. "Mas já que aconteceu, o melhor é uma definição rápida, sem entrar no mérito de manter ou não o presidente", afirma. Para o diretor, se for para cair, que Temer caia logo, ou então se fortaleça logo, podendo dar continuidade às reformas e à política econômica. "Ficar sem definição por um tempo longo é o pior dos mundos."

Efeitos
Alexandre Mantovani, sócio da gestora Real Investor, acredita que o presidente não tem condições de continuar do governo. Por isso, "pessoalmente" é a favor da renúncia o quanto antes. "O mercado não gosta de incerteza", justifica. Ele lamenta porque o governo "estava conseguindo conduzir as reformas". "Agora não sabemos quando as reformas serão retomadas. E o mercado já precifica essa situação. O dólar sobe, os títulos públicos sobem, a Bolsa cai", enumera.
Mantovani também afirma que o mercado quer uma solução rápida. E tende a ver com "ceticismo" a realização de uma eleição direta agora. "Há um risco grande de entrar alguém que não tenha capacidade executiva, ou não tenha experiência, que seja escolhido pela população como um voto de revolta", ressalta. O ideal, portanto, seria o Congresso eleger um presidente que dê continuidade às reformas até as eleições diretas de 2018. "Quanto mais previsibilidade melhor para o mercado", justifica. (Com Agência Estado)