Imagem ilustrativa da imagem Londrina tem 2016 pior para empregos que 2015



Londrina fechou 3,8 mil postos de trabalho em 2016, um resultado ainda pior do que a perda de 2,9 mil vagas de 2015, conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado nesta sexta-feira, 20, pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). É o desempenho mais grave desde o início da série histórica disponibilizada sobre o município pelo órgão, que começa em 2002, puxada principalmente pela indústria e pela construção civil.
As médias de Paraná e Brasil, por outro lado, indicam um cenário levemente menos crítico em 2016 ante os 12 meses anteriores. O Estado foi do fechamento de 75,5 mil para um saldo negativo de 59,8 mil vagas, enquanto o País passou de queda de 1,534 milhão para perda de 1,321 milhão. Em comum entre os dois e Londrina, porém, estão o mau momento da indústria e, principalmente, da construção.
Quando considerada o número de postos de trabalho perdidos de um ano para o outro em relação ao total de empregados, o Brasil tem menos 13,4% carteiras assinadas na construção do que há 12 meses. Em vagas, a redução é de 358,6 mil. No caso do Paraná, a diferença no mesmo comparativo é de 9,9%, ou queda de 14,7 mil. O MTE não disponibilizou ontem os dados municipais sobre estoque, mas o segmento em Londrina demitiu 1 mil a mais do que contratou no ano passado. Logo depois aparece a indústria da transformação, que fechou 322,5 mil vagas (-4,23%) no País, 24,1 mil (-3,67%) no Estado e 1,6 mil em Londrina.
O consultor econômico da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Marcos Rambalducci, afirma que Londrina tem tradição de ser a sede de grandes construtoras, fator que pesou para a cidade em 2016. "Pode ter perdido mais do que outras por isso, mas foi de assustar o que ocorreu em Londrina entre novembro e dezembro, quando o número de vagas fechadas quase dobrou."
Isso porque o acumulado do ano no Caged até novembro estava em queda de 2,2 mil postos de trabalho, ante os 3,8 mil de dezembro. Para Rambalducci, parte da explicação se deve a atrasos na informação de demissões na cidade, que havia registrado aumento de 7 carteiras assinadas no penúltimo mês de 2016.
Para o diretor de pesquisa do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Daniel Nojima, a construção civil e a indústria estão no cerne da consolidação da crise pela qual o País passa. "A construção é um segmento que cresceu demais até cerca de dois anos atrás e perdeu um pouco do que cresceu", diz. "Com o endividamento elevado das famílias, a alta do desemprego e a estagnação da renda, o resultado é que diminuiu o consumo de bens que geram dívidas longas, como no caso da habitação", completa, ao lembrar ainda do acesso ao crédito mais difícil nos bancos.
Nojima acredita que a industria pode ter uma recuperação ainda nos próximos meses, cenário que deve demorar mais para a construção. "O consumo do dia a dia e as exportações tendem a voltar a aumentar e, com a estabilidade do câmbio, a classe média pode planejar melhor os gastos e o setor exportador pode ganhar competitividade."
O consultor da Acil considera que os empresários de Londrina seguraram um pouco as demissões em 2015, mas entraram no mesmo ritmo do restante do País no ano passado. Na regão metropolitana, ele aponta perdas na indústria de metalmecânica, alimentos e móveis como maiores responsáveis pelo desempenho ruim.

Expectativa
No País, dois de 25 segmentos fecharam o ano com saldos positivos. Serviços médicos, odontológicos e veterinários teve alta de 2,0% no estoque de empregados, ou 39,7 mil a mais. A indústria de calçados elevou em 1,5% a quantidade de funcionários, ou 4,4 mil vagas.
Rambalducci lembra que os fabricantes calçadistas tiveram um bom ano, principalmente no primeiro semestre. "Com o dólar em alta, diminuiu a entrada de produtos chineses e aumentou a exportação de brasileiros. Mesmo no segundo semestre, os calçados brasileiros seguiram competitivos."
Para 2017, a expectativa de ambos é de estabilização do desemprego até o meio do ano.