Londrina demitiu 627 pessoas a mais do que contratou em julho, com um saldo de -0,4% em relação ao mês anterior, segundo as estatísticas do Cadastro Nacional de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado ontem. O resultado foi abaixo da média paranaense, com saldo de 5.618 empregos celetistas a menos (-0,21% em comparação a julho), e que o Brasil, que teve redução de 94.724 postos de trabalho (-0,24%).
Em Londrina, foram 5.273 contratações e 5,9 mil demissões. O setor de serviços puxou a média para baixo, com 333 demissões a mais que contratações – destes, 173 somente na área de ensino. Em seguida vem o comércio, com 191 postos fechados, e a indústria de transformação, com 87 vagas a menos.
Entre as cidades com mais de 30 mil habitantes, Londrina foi a segunda que mais demitiu, em números absolutos – ficou atrás apenas de Curitiba, que teve 2.763 demissões a mais que contratações.
O cenário londrinense segue o panorama estadual: o setor de serviços foi o que mais demitiu pessoas em julho, com 2.203 postos a menos. Por outro lado, a indústria de transformação, com 1.967 vagas fechadas, teve uma variação relativa ao mês anterior maior (queda de 0,3%, contra 0,22% do setor de serviços). Em terceiro lugar vem o comércio, com 1.544 vagas fechadas.
De janeiro a julho, Londrina acumula 1.474 postos de trabalho fechados, uma variação negativa de 0,92% neste ano. No Paraná, a retração neste ano é de 22.059 empregos a menos, uma retração de 0,83%.
O professor do departamento de economia da Universidade Federal Tecnológica do Paraná (UTFPR), Marcos Rambalducci, chama a atenção para o alto número de demissões nas escolas. "São vagas perdidas. Não se contratam professores no meio do semestre, só serão repostos no início do próximo ano", ressalta.
Para ele, as demissões foram provocadas pela redução da oferta do Financiamento Estudantil (Fies), que diminuiu as oportunidades de ingresso no ensino superior privado, e a evasão dos alunos de escolas particulares para as públicas. "Com mais gente se formando do que entrando (nas escolas), é natural reduzir o número de professores."
O economista também ressalta o fato de que cargos de direção e gerência tiveram 72 postos fechados, indicando uma tendência de queda nos empregos que exigem mais qualificação, enquanto os postos que tiveram mais variações positivas foram para empregos que exigem menos qualificação, como repositor de mercadorias (66), alimentador de linha de produção (61) e embalador a mão (35). "Em julho, o desemprego pesou mais para uma classe que passava menos sofrida pela crise e são cargos de difícil reposição", diz.

NO BRASIL
No cenário nacional, a agricultura e a administração pública registraram resultados positivos, com aumento de empregos na ordem de 0,26% e 0,03%, respectivamente. Já as maiores perdas foram no setor de serviços (-0,24%), construção civil (-1,09%), comércio e indústria de transformação (-0,18% cada).