Empreendimento da Iguaçu em terreno em frente ao kartódromo, na zona norte, jamais foi concluído, num prejuízo estimado de R$ 77 milhões aos proprietários
Empreendimento da Iguaçu em terreno em frente ao kartódromo, na zona norte, jamais foi concluído, num prejuízo estimado de R$ 77 milhões aos proprietários | Foto: Gina Mardones/10-09-2014


Vinte das 72 vítimas da fraude da Construtura Iguaçu do Brasil foram ouvidas pelo juiz Paulo Cesar Roldão, da 5ª vara criminal de Londrina, nesta segunda-feira (26). São consumidores lesados na compra do Condomínio Imperial Catuaí, que foi comercializado na zona norte de Londrina. Este é apenas um dos 12 casos desmembrados pela justiça na esfera criminal para apurar responsabilidade dos réus no esquema criminoso que deu calote em centenas de clientes.

Nesta ação, o Ministério Público acusa o dono da empresa e ex-prefeito de Mandaguari, Carlos Alberto Campos de Oliveira, e outros 10 réus pelo crime de estelionato. De acordo com Roldão, as vítimas foram ouvidas para saber qual o envolvimento dos réus na negociação da compra do imóvel que nunca chegou a ser entregue. "Na terça-feira (27) vamos ouvir as demais vítimas e na quarta-feira (21) os 4 réus que residem em Londrina, já que os demais serão ouvidos em outras comarcas", adiantou.

De acordo com o promotor do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), Jorge Barreto, as testemunhas já foram ouvidas em outros processos e as provas também foram aproveitadas. "Neste caso, a denúncia é exclusivamente por estelionato, já que a empresa obteve vantagem indevida e enganou as vítimas e ficou claro que não tinha intenção de entregar as casas adquiridas". Segundo ele, em outros processos os réus são acusados de mais crimes, inclusive de associação criminosa.

MOROSIDADE
Entre as vítimas ouvidas ontem pelo juiz estava o gerente de loja Leandro Kaefer, que vendeu um apartamento no valor de R$ 100 mil para dar entrada no condomínio da zona norte, comercializado pela construtora. "Era tudo o que a gente tinha à época, até hoje moro de aluguel e tenho carro financiado, nunca recuperamos o dinheiro empenhado, espero que os responsáveis sejam condenados e presos", disse. O vendedor Herbert Tramontini ressaltou que o processo anda de forma lenta: "Nos últimos cinco anos, essa é a primeira vez que sou chamado para ser ouvido, me traz um pouco de ânimo, mas o que mais queremos é que a justiça seja feita, e nosso dinheiro, devolvido".

O promotor salientou que a resposta aos consumidores lesados é lenta porque são muitos fatos criminosos, vítimas e réus. "É lógico que a demora não interessa ao Ministério Público nem ao juízo, mas a nossa esperança é que a sentença criminal seja proferida até o fim do ano." Sobre o ressarcimento às vítimas, Barreto revelou que a justiça não conseguiu restituir os consumidores - apesar de algumas sentenças favoráveis - por dificuldade de encontrar patrimônio nos nomes da Iguaçu e dos acusados.

A Iguaçu do Brasil é acusada de não quitar os terrenos comprados; não cumprir prazos; e de não ter alvará do município para execução das obras. Ao todo cerca de 600 consumidores foram lesados em todos os casos, um prejuízo estimado de R$ 77 milhões. Os réus não estavam presentes na audiência de ontem, já advogados de defesa presentes não quiseram dar entrevista. Ricardo Oliveira, que defende Carlos Alberto Campos, informou que irá apenas se manifestar nos autos do processo.