As taxas médias de juros para empréstimos pessoais e para cheques especiais tiveram leve queda no ano passado, na comparação com 2012. Levantamento da Fundação Procon-SP divulgada ontem aponta que o índice para o empréstimo foi de 5,54% ao mês para 5,27% em 2013, diferença de 0,27 ponto percentual (p.p.). Para cheques especiais, a média recuou de 8,59% mensais para 8,02%, ou 0,57 p.p. a menos. Segundo o órgão, as taxas ficaram praticamente estáveis durante o ano e acompanharam a variação da Selic.
Em 2012, o Procon-SP informa que ambas as modalidades tiveram movimentos parecidos até julho, mas que o cheque especial apresentou maior tendência de alta a partir de outubro. Tanto que a média do empréstimo pessoal começou 2013 com 5,35% e terminou com 5,30%, enquanto a do cheque foi de 7,92% para 8,33%.
A pesquisa foi feita com base em serviços oferecidos por sete instituições financeiras, que são Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, HSBC, Itaú, Safra e Santander. Para o consumidor, é importante pesquisar as taxas cobradas. No caso do empréstimo pessoal, houve diferença de 72,78% entre a tarifa mais em conta, de 3,60% ao mês na Caixa, e a mais cara, de 6,22% no Bradesco. Para o cheque especial, a variação foi de 133,56% entre os 4,32% da Caixa e os 10,09% do Santander.
O delegado do Conselho Regional de Economia (Corecon) em Londrina, Laércio Rodrigues de Oliveira, diz que a leve queda é explicada pela redução na busca por empréstimos por parte de um consumidor já endividado. "Não tivemos aquela avalanche de pessoas que tomaram crédito nos anos anteriores e os bancos deixaram de subir tanto os juros porque precisam fazer o dinheiro girar."
Diretor do campus de Londrina da PUC-PR e consultor de finanças pessoais e empresariais, Charles Vezozzo acredita que a diferença ainda é pequena para ser sentida pelo tomador de crédito. "Nossos juros continuam entre os mais altos do mundo, tanto que o capital que vem de fora e é especulativo se mantém no Brasil."
Ele diz que é preciso fugir principalmente das taxas cobradas sobre o cheque especial. "É algo até difícil de explicar para quem vem de fora do País, com 9%, 10% ao mês de juros. Se for usar o dinheiro em um investimento, por exemplo, o retorno tem de ser alto para dar lucro e cobrir a taxa paga", explica Vezozzo.
Ambos os economistas aconselham o consumidor a fazer uma reserva de dinheiro e escapar de tarifas caras, mas reconhecem que muitos usam o cheque especial ou fazem empréstimos no desespero ou sem calcular os juros. "É preciso fugir também do cartão de crédito. Dá para usar o crédito consignado, por exemplo, que é mais em conta", diz o delegado do Corecon.
Vezozzo lembra que sempre é possível fazer um empréstimo de juros mais baixos para quitar um que tenha taxas mais elevadas, o que reduz as perdas mensais. "Quando se trata de economia doméstica, muita gente diz que já sabe, que é óbvio, mas só é óbvio se a pessoa colocar em prática."
Sobre as diferenças de taxas entre bancos, Oliveira diz que o governo usa a Caixa e o Banco do Brasil para regular o mercado, ao manter tarifas mais baixas e forçar reduções nos privados. Ele sugere pesquisar taxas entre agências de cada marca antes de assinar contratos. "Vale também procurar prazos menores, para não ficar o ano todo endividado", diz o delegado do Corecon.

Imagem ilustrativa da imagem Juros de cheque especial e de empréstimos recuam