O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) teve variação de 0,88% em janeiro e ficou 0,19 ponto percentual acima da taxa de 0,69% registrada em dezembro, informou ontem o Instituto Nacional de Geografia e Estatísticas (IBGE). É a maior variação para um mês de janeiro desde 2003, quando o IPCA-15 chegou a 1,98%. No ano passado, em nenhum mês houve uma variação tão significativa e, em 2011, somente em fevereiro o índice foi maior, de 0,97%. No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA-15 ficou em 6,02%, também acima dos 12 meses imediatamente anteriores (5,78%).
Despesas pessoais e alimentação e bebidas foram os dois grupos que mais pressionaram o índice neste janeiro. Eles cresceram respectivamente de 1,10% em dezembro para 1,80% em janeiro e de 0,97% para 1,45%. Juntos, responderam por 61% do índice do mês. Entre as despesas pessoais, as que tiveram maior alta foram as relativas aos cigarros, excursões, empregados domésticos, cabeleireiros e manicure. Em relação aos alimentos, hortaliças, feijão carioca, tomate, cebola, frango, frutas, carnes e refeição fora de casa foram os produtos cuja alta de preço mais pressionou a inflação.
A pesquisa do IBGE foi feita entre os dias 12 de dezembro e 15 de janeiro e comparada com a do período de 14 de novembro a 11 de dezembro de 2012. As famílias entrevistadas pelo instituto são de renda entre um e 40 salários mínimos das regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e Goiânia.
A inflação na capital paranaense (0,76%) foi uma das mais baixas do País. Belém teve a maior (1,24%), seguida por Rio de Janeiro (1,18%), Fortaleza (1,17%), Recife (0,93%), Goiânia (0,91%), São Paulo (0,87%), e Porto Alegre (0,79%). Já Belo Horizonte (0,71%), Salvador (0,63%) e Brasília (0,57%) tiveram menor aumento de preço que Curitiba.
Para o economista e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Marcelo Curado, o fato de o ICPA-15 ser o maior dos últimos anos não é motivo para pânico. "Acho uma situação relativamente pontual. Não há uma tendência de aceleração dos preços acima da meta estabelecida pelo governo, de 4,5% mais 2% de margem de tolerância", afirma.
Segundo ele, as altas nos preços dos alimentos ocorrem principalmente em virtude do cenário internacional. "As commodities vêm subindo. E, além disso, temos uma seca no Nordeste do País", aponta. Para ele, começo de ano é um período de mais pressão nos preços. "Há muita expectativa por causa do aumento dos salários nesta época. Além disso, está todo mundo esperando um reajuste dos combustíveis", ressalta.
Apesar disso, na opinião de Curado, não há sinal vermelho para a inflação. "Não há motivo nenhum para o brasileiro achar que a inflação vai voltar para os dois dígitos", declara.
Já o professor e economista da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Renato Pianowski, não está tão seguro quanto ao controle dos preços. "Acho que a porta da inflação está aberta. A nós consumidores cabe a tarefa de segurar os preços. Não devemos comprar aquilo que está muito caro", aconselha. Especialmente em Londrina, ele chama a atenção para o provável aumento da passagem de ônibus. "Isso vai contribuir para piorar a situação", afirma.
De acordo com Pianowski, o governo federal vem segurando os preços da gasolina porque sabe que o momento é de alerta. "Há vários sinais de que a inflação está voltando", diz o professor. Para ele, a culpa pela situação é do próprio governo que estimulou demais o consumo para alavancar a economia. "O pior é que o crescimento de 2012 será pífio", ressalta.
Por outro lado, ele elogia a presidente Dilma Rousseff pelas iniciativas que prometem reduzir o custo da energia elétrica. "O impacto dessa medida para o controle da inflação será grande", acredita. Além disso, o corte de 18% nas tarifas para as residências e de até 35% para as indústrias, se confirmado, também vai impactar na competitividade dos produtos brasileiros. "Será uma beleza. Dará uma folga para o empresário que tem consciência de reduzir seus preços", declara.

Imagem ilustrativa da imagem IPCA-15 de janeiro é o mais alto desde 2003