Cabo telefônico (com fios de cobre) vs cabo de fibra ótica: velocidade na fibra pode ser até 15 vezes maior
Cabo telefônico (com fios de cobre) vs cabo de fibra ótica: velocidade na fibra pode ser até 15 vezes maior | Foto: Mie Francine Chiba


O ano de 2018 fechou com 31,05 milhões de contratos ativos de banda larga fixa no Brasil, com crescimento de 2,14 milhões de assinaturas (7,41%). Uma das tecnologias que mais contribuiu para o crescimento foi a fibra ótica, que fechou o ano com 5,6 milhões de contratos ativos e 2,5 milhões de novas assinaturas, com crescimento de 79,3%. A tecnologia xDSL, de fios de cobre, ainda é o que detém o maior número de contratos (12,2 milhões), mas teve uma queda de 6,6% de 2017 para 2018.

A internet de fibra ótica tem a seu favor a velocidade - que pode chegar a até 300 Mbps (Megabits por segundo) de acordo com planos ofertados em Londrina, velocidade em torno de 15 vezes maior que a da tecnologia xDSL. Outra vantagem está na assimetria da conexão oferecida por algumas operadoras, ou seja, a velocidade de upload da internet de fibra é a mesma do download. Na xADSL, a velocidade de upload é de 1 Mbps. A desvantagem da internet de fibra ótica é que a oferta do serviço ainda é limitada a algumas localidades.

A capacidade de transmissão de dados da fibra ótica é tanta que todo o tráfego de internet do Brasil caberia em uma só fibra, afirmou o professor do Departamento de Engenharia Elétrica da UFPR (Universidade Federal do Paraná), Ewaldo Mehl. "A fibra não utiliza só o sinal elétrico, usa pulsos de luz", explica. De acordo com ele, os pulsos de luz são mais rápidos que os sinais elétricos. Além disso, as perdas na fibra são bem menores que no cabo telefônico, e os dados podem alcançar uma distância de até 100 km. No cabo metálico, o sinal chega a até 2 km de distância, apenas.

Para Mehl, a adoção da internet de fibra ótica aumenta devido à demanda crescente dos serviços por velocidade. "Antes, a internet servia para acessar sites e mandar e-mails. Depois as pessoas começaram a mandar fotos", lembra o professor. Hoje, os serviços mais utilizados pelas pessoas envolvem vídeos, e em alta resolução. Exemplos são os serviços de streaming, como o Netflix. "A expansão da internet de fibra é muito grande por causa dos serviços que estão migrando para o vídeo com resolução cada vez maior."

Tiago Caetano, diretor de Operações, e Wanderley Rezende, gerente de Planejamento de Marketing da Sercomtel
Tiago Caetano, diretor de Operações, e Wanderley Rezende, gerente de Planejamento de Marketing da Sercomtel | Foto: Mie Francine Chiba



OFERTA
Das grandes operadoras, apenas Sercomtel, Vivo, Copel Telecom e NET oferecem o serviço em Londrina e por enquanto de maneira restrita. A Sercomtel já possui cabos de fibra ótica espalhados por toda a região de Londrina, mas para ampliar a oferta de serviços pela cidade, precisa realizar um trabalho de "ramificação" da fibra. O trabalho hoje se concentra nas regiões central - com previsão de conclusão no final do ano - e na Gleba Palhano, onde já está praticamente finalizado. "Os cabos estão espalhados pela cidade, mas não são para clientes do varejo, são para clientes corporativos", explica Wanderley Rezende, gerente de Planejamento de Marketing da companhia.

Atualmente, a operadora possui apenas 5 mil clientes de fibra ótica, entre corporativos e residenciais, concentrados principalmente na Gleba Palhano e na região de condomínios fechados. Na banda larga comum (ADSL), são 111 mil.

O diretor de Operações, Tiago Caetano, disse que a operadora ainda não tem estimativa de investimentos a serem realizados nessa expansão, mas garante que a fibra ótica é hoje prioridade da operadora por ser um serviço de mais qualidade e que tem a demanda contínua de clientes. "O cliente não fica sem internet em casa. E as operadoras têm que investir para ter mais qualidade, então, a prioridade é fibra."

A ideia é concentrar o trabalho de expansão nas regiões com maior demanda, mas as equipes da Sercomtel já estão levando a internet de fibra a clientes de localidades onde a instalação é viável. Portanto, a orientação é que os clientes interessados entrem em contato com a operadora para ter o seu caso avaliado. O objetivo da companhia é também levar o serviço a outras cidades da região.

Os planos da Sercomtel partem de 60 Mbps e vão até os 300 Mbps - com velocidades iguais tanto para download quanto para upload -, com preços variando entre R$ 134,90 a R$ 367,90. O plano de banda larga comum (ADSL) mais caro da operadora é de 20 Mbps e custa R$ 129,90.

A Vivo hoje oferece serviços de banda larga fixa de fibra ótica em 11 bairros em Londrina: Bela Suíça, Esperança, Jardim Higienópolis, Jardim Eleonor, Jardim Petrópolis, Parque Guanabara, Parque Universidade, Vila Brasil, Vila Ipiranga, Vila Nova e Vivendas do Arvoredo. "Ainda em 2019, serão disponibilizados 15 mil novos acessos no município, incluindo a região do Centro Histórico de Londrina", promete a operadora.

Além da internet de fibra, com velocidade de até 300 Mega, os planos da Vivo incluem TV por assinatura (IPTV) com mais de 100 canais HD, plataforma de vídeos on demand, e mais de 45 canais ao vivo. "As ofertas são dinâmicas e formatadas de acordo com as necessidades dos clientes", informou a operadora. "Um exemplo é o combo composto por banda larga de 100 mega + TV por Assinatura no pacote Ultimate HD + Vivo Fixo ilimitado local, que sai por R$ 229,89, com um ponto de TV adicional grátis."

A expansão por fibra da operadora na cidade começou em abril de 2018. A Vivo planeja investir R$ 7,5 bilhões entre 2018 e 2019 na ampliação da cobertura de banda larga fixa por meio de fibra ótica. Em 2018, a operadora expandiu a rede de fibra FTTH (Fiber To The Home) a 30 novas cidades.

A Copel Telecom está presente com o serviço de banda larga fixa residencial, chamado Copel Fibra, desde novembro do ano passado em Londrina. Por enquanto, a oferta do serviço está limitado apenas aos bairros Gleba Palhano e Bela Suíça, com planos com velocidades de 75 Mbps a 200 Mbps. A partir de fevereiro, os preços dos planos começam em R$ 149,90. A operadora afirmou que não tem planos de expansão na cidade até o final do semestre.

"Todos os planos trazem os diferenciais da Copel Telecom como banda larga simétrica (upload igual ao download), wifi grátis e acesso aos aplicativos Cartoon Network e Esporte Interativo Plus para conteúdos de esportes e desenhos", informou a Copel Telecom. "A empresa não possui franquia de consumo de banda sendo a preferida por youtubers, produtores de conteúdo digital e gamers."

A NET/Claro foi procurada, mas não atendeu ao pedido de informações até o fechamento da edição. O telefone para contato com a operadora é o 0800 580 0949.

Provedores regionais vão onde grandes não chegam
O problema da expansão da oferta do serviço de fibra ótica está em levar a fibra até a casa das pessoas. A rede das grandes operadoras foi construída sobre cabos metálicos e o custo do investimento para implantação da fibra é alto.

Já na visão de Benedito Matos, diretor de Regulamentação da Redetelesul, associação de provedores de internet da Região Sul, o investimento em fibra tem custo relativo, por ser uma rede "à prova de futuro", pois a fibra em si tem capacidade altíssima de transmissão de dados, podendo chegar a gigabits por segundo. Então, caso o cliente resolva contratar um plano com internet mais rápida, não é preciso fazer novos investimentos na estrutura de internet tão cedo. A fibra é como se fosse uma torneira, compara Matos: para aumentar a velocidade, basta "abrir mais a torneira".

Essa é uma boa oportunidade para os provedores regionais, que podem levar a internet de fibra onde as grandes operadoras não chegam. De acordo com Matos, existem hoje no Paraná mais de 400 provedores regionais que levam internet de fibra inclusive a cidades menores e áreas rurais. "Eles são pioneiros em banda larga e fibra ótica", comenta. "A maior expansão da fibra está nos provedores. No Paraná, o maior aumento de clientes com acesso a fibra ótica vem de provedores."

Conforme Matos, os provedores têm uma capilaridade e agilidade maior na oferta de serviços. "Com isso eles vão ganhando regionalidade. As grandes se concentram nos grandes centros." O entrave está na capacidade de investimento. Matos critica a restrição na liberação de crédito pelas instituições financeiras para pequenos provedores. "Eles têm que sacrificar o lucro para fazer a expansão de rede."