O setor de máquinas e equipamentos, incluindo do segmento agrícola, foi o que mais cresceu no Estado nos três primeiros meses do ano
O setor de máquinas e equipamentos, incluindo do segmento agrícola, foi o que mais cresceu no Estado nos três primeiros meses do ano | Foto: Divulgação/New Holland



A produção industrial do Paraná recuou 2,9% de fevereiro para março, mas, mesmo assim, fechou o trimestre com uma expansão de 4,6%. É a quarta melhor performance estadual, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apresentaram resultados melhores os Estados de Goiás (6,6%), Santa Catarina (5,2%) e Rio de Janeiro (4,85%). Na média nacional, após um recuo de 1,8% em março, o acumulado de janeiro a março ficou em 0,6%.

Dois setores com muito peso na indústria da transformação (máquinas e equipamentos e veículos) tiveram contribuições importantes para o resultado positivo do Paraná. O primeiro cresceu 65,7%, e o segundo, 21,7%. O analista da Pesquisa Industrial Regional do IBGE, Rodrigo Lobo, afirma que a produção de maquinário agrícola é a responsável pela expansão do setor de máquinas e equipamentos. "É importante dizer que o crescimento se deu em cima de uma base baixa do ano passado", ressalva.
,
Ainda, de acordo com ele, como a indústria desses produtos é bastante concentrada, qualquer mudança pode gerar uma variação muito grande, seja negativa ou positiva.
Lobo chama atenção para a série histórica da produção paranaense, iniciada em janeiro de 2002 (ver gráfico). Hoje, ela está num nível relativamente superior ao do ano passado, mas muito abaixo do pico de dezembro de 2011. A indústria paranaense se encontra num patamar próximo ao do período imediatamente anterior à crise financeira de 2008.

Imagem ilustrativa da imagem Indústria do Paraná termina trimestre com expansão de 4,6%



Fator Argentina
O economista Roberto Zurcher, da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), é bastante cauteloso ao comentar os números do IBGE. "Qualquer crescimento se torna significativo na comparação com um ano (2016) em que a indústria estava parada", avalia. Ele admite que a produção de veículos no Paraná está mais aquecida, principalmente porque a Argentina voltou a comprar os carros montados aqui. "O país vizinho fechou as fronteiras por dois anos. Agora voltou a comprar e o câmbio está tornando o produto importado mais competitivo", alega.

Zurcher resiste em dizer que o setor está em processo de recuperação. "Mas há sinais cada vez mais firmes de que o início da recuperação está próximo", afirma. Segundo ele, a supersafra estimada para este ano vai fazer com que o Paraná termine 2017 com uma economia mais aquecida.

Para o representante da Fiep, o cenário nacional só vai melhorar se forem aprovadas as reformas da Previdência e trabalhista. Mas lembra que os efeitos das medidas na economia real levam meses para serem sentidos. "Agora, estamos sentindo o impacto da queda dos juros", afirma ele, referindo-se à taxa Selic, que iniciou curva descendente em outubro do ano passado. Desse modo, se as reformas forem aprovadas nos próximos meses, seus efeitos devem chegar antes do final do ano. "Acredito que, no último trimestre do ano, já vamos sentir o início de uma recuperação sustentável", estima.

Crescimento se deu em 12 dos 15 locais pesquisados
O crescimento acumulado de 0,6% pela indústria brasileira no primeiro trimestre do ano mostra expansão em 12 dos 15 locais pesquisados frente a igual período de 2016. O resultado tem como destaque o avanço em Goiás, onde a indústria cresceu nos três primeiros meses do ano (6,6%), seguido por Santa Catarina (5,2%), Rio de Janeiro (4,8%), Paraná (4,6%), Pernambuco (4,2%), Espírito Santo (4%) e Minas Gerais (3,6%).

Embora com expansões de menor expressão, completam as 12 regiões com crescimento o Rio Grande do Sul (1,9%); Amazonas (1,3%), Pará (0,6%), Mato Grosso (0,4%) e São Paulo (0,1%), estes dois últimos com crescimento inferior à média nacional de 0,6%.
Entre as três regiões onde houve queda na produção trimestral da indústria, o destaque negativo ficou com a Bahia (-8,3%), pressionada pelo comportamento negativo dos setores de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis. Os demais resultados negativos ficaram com a Região Nordeste (-2,5%). O Ceará teve queda de 2,2%.

Segundo o IBGE, nos locais onde houve crescimento da produção no primeiro trimestre o maior dinamismo foi influenciado por fatores relacionados à expansão na fabricação de bens de capital (em especial, os voltados para o setor agrícola e para a construção); de bens intermediários (minérios de ferro, petróleo, celulose, siderurgia, autopeças e derivados da extração da soja); e outros. (Folhapress)