Oitenta e três municípios do Paraná já confirmaram a presença de greening em seus pomares de laranja. É o que aponta o último levantamento realizado pela Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar). Produtores do Norte e Noroeste do Estado, onde se concentra a maior parte da produção estadual, estão preocupados com a disseminação acelerada da doença, que vem trazendo grandes prejuízos à atividade. José Croce Filho, engenheiro agrônomo da entidade, alerta que o número de plantas infectadas por talhão no Paraná já chega a 2,5%.
Segundo ele, no início deste ano o índice de infestação era de apenas 1%. O especialista explica que o greening vem se disseminando muito rápido por causa da alta proliferação dos vetores da doença e também pela falta de um trabalho de erradicação das plantas no início da infestação. Croce Filho, que esteve presente ontem no 6º Encontro de Cooperados de Citros da Cooperativa Cocamar, ministrou uma palestra para dezenas de produtores de laranja do Norte e Noroeste do Estado, onde apresentou a atual situação do setor e apontou algumas soluções para minimizar o problema.
O greening é uma doença causada por bactérias e transmitida por um inseto, que deixa as folhas do citros amareladas e com manchas irregulares, causando também má-formação nos frutos.
O engenheiro agrônomo explicou que alguns cuidados como a simples inspeção do pomar, que deve ser realizada no mínimo quatro vezes ao ano, pode ajudar no controle do greening. ''Quando o produtor encontrar qualquer sinal da doença, ele deve erradicar a planta imediatamente'', orienta. Outra dica dada pelo especialista é a compra de mudas certificadas.
Croce Filho explica que materiais clandestinos não oferecem qualquer tipo de segurança sanitária. ''Todas as mudas certificadas pela Adapar não possuem greening'', observa. O especialista da Adapar indica que se a contaminação do talhão ultrapassar 28% da área, todo aquele lote deve ser eliminado. ''Quando o ramo está amarelado, provavelmente toda a raiz estará comprometida'', analisa.
Na lavoura
O citricultor da região de Cambé Douglas Tomeleri possui um pouco mais de 26 hectares de área plantada com laranja. Desse total, cerca de 5% estão comprometidos com o greening. O produtor conta que a primeira infestação pela doença ocorreu em 2008. Para controlar o problema, Tomeleri tem intensificado a erradicação das plantas doentes e também a aplicação de defensivos de forma preventiva. ''Só neste ano já descartei 400 plantas contaminadas. No ano passado eliminei 350'', lamenta.
Mesmo com o greening, Tomeleri espera das plantas que ainda não foram afetadas uma boa produção. Neste ano ele estima colher 20 mil caixas de 40,8 quilos cada. No ano passado o volume colhido foi de 16 mil caixas. O agricultor explica que se o greening continuar se disseminando, em breve será inviável produzir laranja. ''Hoje o meu custo de produção é de US$ 2,40 a caixa. O que me segura na atividade é o contrato que fiz com a indústria, na qual negociei a US$ 4,80'', afirma.
Produção
De acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), o Paraná deve produzir na safra 2011/12 em torno de 800 mil toneladas de laranja, 3,9% a mais do que se comparado com a safra passada. Em área, o Paraná destina 25,5 mil hectares para o cultivo da fruta.

Imagem ilustrativa da imagem Greening já atinge 83 municípios no PR