São Paulo - O presidente do Banco Central (BC) e o ministro da Fazenda do futuro governo de Luiz Inácio Lula da Silva se comprometeram com uma rigorosa política econômica de ajuste de acordo com os atuais tempos difíceis do Brasil, e longe dos anseios dos mais radicais do PT.
O futuro presidente do BC, Henrique Meirelles, foi aprovado pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, anteontem à noite, prometendo uma política monetária com o rigor exigido pelo mercado.
Meirelles disse que vai dirigir a instituição sem influência política e norteado por uma luta ''implacável'' contra a inflação, o requisito número um do FMI, historicamente repudiado pelo PT.
Há um ano, o programa de governo do PT era ''contrário à gestão de caráter monetarista e ortodoxo do FMI'', a entidade que proporcionará ao governo Lula um valioso pacote de US$ 24 bilhões para enfrentar a difícil conjuntura. Esse mesmo programa, posteriormente reformado, propunha ''uma ruptura com o atual modelo econômico, fundado na abertura e na desregulamentação radicais da economia e na subordinação aos interesses e humores do capital financeiro''.
Longe desses ideais, o futuro presidente do BC defendeu a manutenção do câmbio livre, a autonomia da entidade, períodos fixos para o exercício de sua diretrizes e a continuação do sistema de metas de inflação. As propostas de Meirelles não soam bem entre as alas radicais do PT, mas o partido fez prevalecer a disciplina. Após afirmar que votaria contra a nomeação do banqueiro, a senadora Heloísa Helena (PT/AL) abandonou a comissão, entre lágrimas, para evitar ao PT um voto contrário a Meirelles.
''O bom desempenho de Meirelles na comissão do senado, a demonstração de controle dada pelo PT com a saída da senadora e as declarações positivas de Meirelles e de Palocci a respeito da autonomia do Banco Central e o compromisso com a responsabilidade fiscal ajudam a melhorar as expectativas dos mercados'', avaliou a empresa de consultoria Tendências.