Maior número de transações ocorreu nos setores de tecnologia da informação (104) e internet (74)
Maior número de transações ocorreu nos setores de tecnologia da informação (104) e internet (74) | Foto: Shutterstock



Relatório da KPMG mostrou que, em 2016, caiu para 740 o número de fusões e aquisições envolvendo empresas brasileiras. Trata-se do índice mais baixo já registrado nesta década, que representa uma redução de 4% em relação ao ano anterior. Na visão da companhia, a cautela por parte dos compradores estrangeiros em um ambiente de incertezas e de redução da atividade econômica em diversos segmentos da indústria brasileira foi o principal motivo para o resultado.
Por outro lado, aumentou na ordem de 11,5% o número de transações domésticas, ainda de acordo com a KPMG. Em 2016, foram realizadas 300 operações do tipo. Para Luis Motta, sócio da KPMG e líder para o setor de assessoria em fusões e aquisições, o crescimento das operações domésticas antecipa um cenário de recuperação, visto que, de 2014 para 2015, houve queda nesse tipo de transação - de 331 para 269. Ele acrescenta que as operações entre empresas brasileiras são mais ágeis. "As empresas brasileiras se movimentam mais rapidamente."
Para o economista Luiz Augusto Pacheco, da Inva Capital, de Curitiba, no cenário econômico que o Brasil se encontra as empresas "estão bastante endividadas, dificultando as compras". Por outro lado, isso facilita as vendas das operações no Brasil, que cresceram em 2016. Segundo o relatório da KPMG, houve 35 transações de empresas brasileiras vendendo operações no exterior – o maior número desde 1994, quando a pesquisa teve início. O número representa um incremento de 133% em relação a 2015.
Tiveram destaque as transações nos setores de tecnologia da informação (104) e internet (74). Em seguida, vieram serviços para empresas (64), instituições financeiras (50), alimentos, bebidas e tabaco (46), empresas de energia (32) e hospitais e laboratórios de análises clínicas (31). Motta explica que o maior número de transações de empresas de Tecnologia da Informação e de Internet se justifica pelas características inerentes a esse tipo de operação. É comum, entre empresas desse setor, o aporte de mais de um investidor ao mesmo negócio, sendo que cada um deles é registrado como uma transação. "Numa única rodada de aporte, há quatro ou cinco fundos participantes e, então, são feitas quatro ou cinco transações na mesma rodada."
"Em TI também há operações entre empresas parecidas que juntam forças para oferecer um pacote de soluções mais abrangente para o mercado", continua o sócio da KPMG. As empresas, no entanto, costumam ser menores e o valor da transação cai.

Imagem ilustrativa da imagem Fusões e aquisições têm pior resultado da década



Perspectivas
Com empréstimos mais baratos e perspectiva de melhora na economia e redução da Selic, Pacheco diz esperar um ano melhor para fusões e aquisições em 2017. Já Luis Motta, da KPMG, reitera que o panorama geral de operações entre empresas deve apresentar uma retomada de maneira gradual, já que fusões e aquisições são um investimento de longo prazo. "(A recuperação)Vai ser aos poucos, não vai ser agora." As perspectivas melhores para a economia bem como a queda da taxa de juros, são indicativos que as operações podem voltar a crescer gradativamente, diz Motta.