O frango de corte foi um dos produtos com maior participação no VBP (17%), atrás apenas da soja (22%)
O frango de corte foi um dos produtos com maior participação no VBP (17%), atrás apenas da soja (22%) | Foto: Arquivo Folha



O Paraná fechou o ano passado com R$ 88,83 bilhões em VBP (Valor Bruto da Produção Agropecuária), um crescimento real de 1,7% sobre o resultado anterior, de R$ 87,38 bilhões. A variação positiva ocorreu em um cenário de retração na colheita de grãos por problemas climáticos, que elevou custos de produção e apertou margens de lucro na pecuária. Por outro lado, os preços pagos também tiveram alta significativa. Os números foram divulgados na segunda-feira, 18, pelo Deral (Departamento de Economia Rural) da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento).

O VBP compõe a cesta de índices usados para calcular os repasses do governo do Estado ao Fundo de Participação dos Municípios, referente ao ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Para 2017, a expectativa é de novo aumento no indicador, principalmente por conta da safra recorde de grãos, que foi de 35,1 milhões de toneladas em 2016 para um volume previsto pelo Deral de 40 milhões. No entanto, os preços menores devem conter o avanço.

Os produtos com maior participação no total foram soja (22%), frango de corte (17%), milho (8%), leite (7%), suinocultura (4%), bovinocultura de corte (4%), cana-de-açúcar (3%) e feijão (2%), que totalizaram 67%, juntos. A região Oeste segue como a que tem a maior contribuição no VBP estadual, com R$ 19,2 bilhões, um aumento de 2,6% sobre o ano anterior. A região é responsável por 68% da criação e abate de suínos, por 31% da avicultura, por 34% da produção de milho e por 22% da colheita de soja do Paraná.

Na sequência aparece o Norte Central, com R$ 11,7 bilhões. Houve retração no VBP em relação ao ano anterior porque a região foi muito afetada pelo clima, mas o índice não foi divulgado pelo Deral. O Sudoeste completa o pódio de faturamento bruto, com R$ 10 bilhões e alta de 6,2%.

Imagem ilustrativa da imagem Faturamento real



Esforço recompensado
O diretor do Deral, Francisco Simioni, diz que o resultado coroa o esforço do produtor, que enfrentou adversidades climáticas demais em uma safra apenas. "No ano passado tivemos momentos de chuva em excesso, seca, frio intenso, 12 geadas consecutivas e isso prejudicou a produção", diz.

Para ele, a quebra de safra de grãos, principalmente de milho, elevou demais o custo da produção de proteína animal, o que fez com que as margens ficassem apertadas apesar dos valores de venda compensadores no mercado. Situação que deve se inverter neste ano pela supersafra de grãos, que reduziu o preço das commodities e abiu espaço para a recuperação de faturamento em granjas. "Além disso, internamente houve redução da qualidade do consumo, porque o desemprego e a renda familiar menor fazem as pessoas trocarem o iogurte pela bebida láctea, que é mais barata, por exemplo", diz Simioni, que descarta que isso implique em recuo no VBP.

O gerente técnico e econômico da Ocepar (Organização das Cooperativas do Estado do Paraná), Flávio Turra, afirma que as associações paranaenses tiveram aumento real de faturamento semelhante ao apontado pelo Deral, em torno de 2%. Apesar de parte das empresas do tipo trabalharem com vários elos da cadeia, como recebimento de grãos, fabricação de ração e abate de aves, por exemplo, ele não considera que houve vantagem para o resultado final. "As cooperativas precisam garantir as margens dos cooperados integrados, então trabalharam até com prejuízo, mas vão se recuperar neste ano porque o preço do milho baixou", diz, ao lembrar que a situação ficará pior para os produtores do grão.

Turra acredita que o ideal é que não ocorram oscilações tão abruptas no mercado. "Causa desequilíbrio, agora, mesmo assim, com a supersafra de soja, esperamos que o VBP cresça mais, mesmo com esse recuo nos preços das commodities", completa.