A substituição de um trabalhador velho e "caro" por um jovem e "barato" pode causar prejuízos à empresa. Presidente da regional Norte do Paraná da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Adilséia Soriani Batista afirma que a falta de vivência no mercado e de treinamento pode levar ao retrabalho. "São problemas comuns, de falta de entendimento da função, porque a inexperiência leva a pessoa a operacionalizar sem analisar muito."
Ela vê menos preconceito em certas atividades, consideradas mais intelectualizadas, mas diz que não se deve descartar o conhecimento mesmo no caso de uso de força física. Adilséia diz que é preciso mesclar ambos para que a empresa possa manter a qualidade. "É claro que precisa de energia e fôlego, mas a maturidade também é necessária", lembra Adilséia.
Com o aumento nos últimos anos da demanda por mão de obra no Brasil, ela conta que algumas empresas já tiveram de buscar profissionais aposentados para treinar jovens. Mas, de forma geral, quando alguém mais velho perde o emprego, é mais difícil buscar a recolocação profissional.
Não foi o caso do coordenador de segurança e meio ambiente da Belagrícola, Edson Brito, de 51 anos. Ele trabalhava em uma usina sucroalcooleira paulista, mas quis se mudar para Londrina para ficar perto da família. Brito conseguiu o emprego depois de desenvolver um projeto para a empresa. "Com o conhecimento que tenho, consigo ensinar bem mais do que o básico aos outros profissionais."
Brito diz que já houve casos na carreira em que teve de refazer o trabalho de outros. "Experiência é fundamental em questão de segurança. A pessoa mais nova faz o que está escrito no manual, mas não sabe fazer uma análise técnica, tomar uma decisão", explica o coordenador, para quem a idade só pesaria se estivesse fora de forma e houvesse uma emergência. "Mas o conhecimento também nos ensina a agir mais rapidamente", completa.