Nos bancos, o interesse foi grande nas linhas de financiamento para maquinário e implementos agrícolas
Nos bancos, o interesse foi grande nas linhas de financiamento para maquinário e implementos agrícolas | Foto: Anderson Coelho



A 57ª edição da ExpoLondrina chega ao fim com balanço positivo. A Sociedade Rural do Paraná (SRP), organizadora da feira, ainda não divulgou os números oficiais, mas de acordo com o presidente Afrânio Brandão, o resultado foi acima do esperado. A expectativa inicial era de uma movimentação em torno de R$ 400 milhões em negócios e público de 500 mil visitantes.

"Temos conversado com os expositores, alguns estão batendo recordes de vendas e outros vendendo um pouco menos, mas estamos satisfeitos com os resultados. Ainda há muitos negócios para serem fechados pós-feira", afirmou.

O resultado poderia ser melhor, mas a queda do preço da soja na semana passada impactou na geração de negócios. "Causou um pouco de insegurança", afirmou o presidente da SRP. A pecuária também apresentou desempenho satisfatório. Brandão afirmou que os leilões de gado tiveram uma boa liquidez e com preços dentro da realidade de mercado.

Os bancos e revendedores de equipamentos agrícolas também comemoram os bons resultados da feira, apesar do banho de água fria provocado pela queda do preço da soja. Até domingo pela manhã, o Banco do Brasil (BB) havia captado R$ 220 milhões em intenções de negócios. O volume é quase três vezes maior do que o registrado em 2016, quando a intenção de negócios foi de R$ 80 milhões. "Fizemos um trabalho pré-feira com as revendas para catalisar negócios", afirmou Felício Leovan Stefani, superintendente regional do BB.

Ele creditou o bom desempenho deste ano à recuperação da economia, à facilidade de acesso ao crédito e às novas linhas de financiamento oferecidas pelo banco. "Temos um volume grande de recursos próprios do banco, o que torna as liberações de financiamentos mais ágeis", explicou.

O produtor rural agora conta com a possibilidade de financiar caminhonetes cabine dupla, máquinas importadas e da linha amarela, como retroescavadeiras, pelo crédito rural. Segundo Stefani, essas novidades movimentaram os negócios. O banco ainda não fechou o balanço, mas segundo Stefani, a maioria das mais de 700 propostas recebidas pelo BB foram para o financiamento de maquinário e implementos agrícolas. A instituição financeira também colocou à disposição do agricultor linhas de financiamento para estocagem da soja e de retenção de matrizes para a pecuária.

O Sicredi abriu mais de mil contas durante a ExpoLondrina e a expectativa de fechamento de negócios é em torno de R$ 25 milhões. Isso representa um aumento de 30% em relação ao volume do ano passado. O diretor-executivo do Sicredi, Rogério Machado, afirmou que as operações de crédito rural vêm crescendo em torno de 20% ao ano. O agronegócio representa 60% da carteira do banco. Ele percebeu um interesse maior do agricultor em investir em tecnologia de maquinários.

PARCERIAS
Em sua segunda participação na feira, o Sicoob também faz um balanço positivo. O banco deve aumentar a sua carteira de clientes com um volume de negócios em torno de R$ 10 milhões prospectados apenas durante o evento. Em 2016, antes da ExpoLondrina, a carteira do Sicoob era de R$ 20 milhões e, após participar da feira, fechou o ano com uma movimentação de R$ 80 milhões. "A participação na feira incrementou a nossa carteira. Nesta segunda edição, acreditamos que temos um bom potencial para explorar pós-feira", afirmou Émerson Ferrari, diretor-executivo do Sicoob.

Para atrair mais clientes, o Sicoob usou como estratégia fechar parcerias com as cooperativas e colocar gerentes nas revendas para prestarem assessoria na hora de fechar negócios. De acordo com Ferrari, o banco também se fez presente durante os leilões de gado para oferecer linhas de crédito.

DESEMPENHO
Apesar do incremento nas vendas, as revendedoras de máquinas e implementos agrícolas acreditam que o desempenho poderia ser melhor, caso o preço da soja tivesse se mantido em alta. "Foi melhor do que em 2016, mas com a queda da soja houve uma retração", afirmou Adauto José da Rocha, gerente de vendas da DHL Tratores (Valtra). As vendas ficaram 20% acima em relação ao ano passado. O volume de negócios futuros deve fechar na casa dos R$ 4 milhões. "O pequeno produtor está investindo mais. Tivemos uma perspectiva boa no maquinário leve e uma retração de 30% na linha pesada", explicou Rocha.

De acordo com Alexandre Rodrigues Simão, do departamento de vendas da Dimasa (Massey Ferguson), os dois primeiros dias da feira foram positivos, mas os dias posteriores não tiveram grande destaque de vendas. "Viemos com uma expectativa não tão positiva, mas saíram pedidos e prospectamos negócios. O balanço é positivo", disse Simão.

As vendas da Horizon John Deere BR dobraram em relação ao ano passado, mas não foram motivo de comemoração. "Está dentro ou um pouco acima das nossas expectativas. Elas dobraram em relação ao ano passado, mas 2016 foi muito ruim", comentou Martin Strenlow, proprietário da Horizon. Segundo ele, houve mais prospecção do que fechamento de propostas. "O valor da soja e do milho deixou os agricultores mais pensativos", disse Strenlow.

Para ele, o resultado da feira mostra que o setor está numa retomada de crescimento e que o agricultor está buscando investir em alta tecnologia.