Vytenis Andriukaitis: "precisamos de um sistema oficial de controle independente"
Vytenis Andriukaitis: "precisamos de um sistema oficial de controle independente" | Foto: Marcelo Camargo/ABr



Brasília - O comissário europeu para Saúde e Segurança Alimentar, Vytenis Andriukaitis, disse nesta quarta-feira, 29, que a União Europeia (UE) estuda a adoção de medidas mais rigorosas para a importação de carne brasileira. Essas avaliações dependem de informações que serão fornecidas pelo governo brasileiro ao longo da semana. "A questão não está fechada", afirmou.

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, que se reuniu na terça com Andriukaitis, informou que, durante o encontro, foram detalhadas as informações sobre as investigações e as medidas já adotadas pelo ministério. Uma nova reunião foi marcada para esta quinta-feira, para concluir as explicações.

As informações serão discutidas pelo Conselho de ministros da Agricultura da Europa. O bloco também enviará uma auditoria ao Brasil após a Páscoa.

Questionado se o Brasil precisará adotar medidas adicionais, o comissário disse que isso é uma decisão que cabe aos países. "O fato é que precisamos de um sistema oficial de controle independente", relatou. Esse sistema deve ser transparente e contar com um sistema de alerta que permita aos países reagir rapidamente caso ocorram problemas, acrescentou.

GAFE
O presidente Michel Temer cometeu uma gafe nesta quarta-feira e anunciou a reabertura de um mercado estrangeiro que não havia embargado oficialmente a compra da carne brasileira. Em discurso no Palácio do Planalto, o peemedebista afirmou que o escritório veterinário do Irã comunicou à embaixada brasileira no país do Oriente Médio a "reabertura para o mercado brasileiro". A lista do Ministério da Agricultura atualizada sobre a situação dos mercados internacionais, contudo, não aponta o Irã nem como um país que determinou embargo nem que estabeleceu suspensão.

Segundo a pasta, o país havia pedido apenas informações sobre as condições da proteína animal, assim como Israel e Rússia. "O ministro Blairo Maggi [Agricultura] deixou que eu anunciasse que, depois que a China e o Chile tomaram providência de não embargar, ainda hoje, agora pouco, o escritório veterinário do Irã comunicou a embaixada do Brasil naquele país sobre a reabertura do mercado brasileiro. Convenhamos, são US$ 380 milhões e é um mercado importante para o Brasil", disse.

Em entrevista à imprensa, após o evento, o secretário de defesa agropecuária do Ministério da Agricultura, Luiz Rangel, reconheceu que o Irã não estabeleceu nenhum embargo oficial à carne brasileira. Segundo ele, houve, na verdade, um pedido de esclarecimento sobre pontos específicos sobre o mercado brasileiro. Ele ressaltou que um documento com esclarecimentos será remetido ao país "no máximo amanhã". "Realmente, o embargo oficial não aconteceu e esse pedido de procedimento vem ocorrendo sistematicamente", afirmou.

O ministro da Agricultura ressaltou que tecnicamente o Brasil não foi retirado do mercado iraniano, mas que, com o pedido de informação, não foram feitos durante a semana abates de animais destinados ao país do Oriente Médio.

Temer assinou decreto de revisão do regulamento de inspeção industrial e sanitária de origem animal. O objetivo da iniciativa é aumentar punição a empresas fraudadoras e diminuir o poder de fiscais sanitários. Em discurso, o ministro ressaltou que, com a queda de embargos estrangeiros, o desafio agora é tentar reconquistar os mercados estrangeiros. "Acho que vencemos uma boa parte da batalha e tem uma nova daqui para a frente que é a reconquista dos mercados", disse. Com esse objetivo, o ministro programou viagem em maio para China, Emirados Árabes, Arábia Saudita e para países europeus. (Com Folhapress)