Desbravar mercados fora do Brasil é um desafio que algumas empresas londrinenses decidiram enfrentar. Dois bons exemplos são a Construtora Plaenge e a Angelus Produtos Odontológicos. Desde 2009, a primeira explora a construção civil no Chile, onde mantém filial na cidade de Temuco. E a segunda está abrindo um centro de distribuição nos Estados Unidos.
"O principal desafio é entender o funcionamento do país. Consideramos que esses cinco anos foram de aprendizagem", afirma o diretor da Plaenge, Alexandre Fabian. A construtora já entregou sete empreendimentos no Sul do Chile. Ele cita outras dificuldades, como o clima e os "processos construtivos", que são muito diferentes. "O Chile, principalmente na região onde atuamos (no Sul), é mais frio e mais úmido. O fato de haver muitos terremotos por lá também influencia nas normativas de construção, que são bem específicas", ressalta.
Fabian conta que a Plaenge escolheu o Chile por considerá-lo um país "organizado institucionalmente" e que "respeita os investimentos estrangeiros". "Também imaginávamos que era um local de muitas oportunidades no setor imobiliário", explica. As impressões se confirmaram. "Os chilenos foram muito receptivos conosco. Tivemos uma velocidade de comercialização superior à média do mercado de lá", declara.
Em relação à mão de obra local, o diretor afirma ser, "em geral", mais qualificada que a brasileira. Ele diz que os salários são semelhantes, mas os impostos e encargos que incidem sobre o emprego são "bem mais baixos no Chile". "A relação emprego/capital de lá é bem parecida com a dos Estados Unidos. É flexível. Não há fundo de garantia, não há 13º salário. O custo da mão de obra é bem mais baixo", declara.
Outra vantagem para os empresários, segundo ele, é que a burocracia é bem menor que a brasileira. "Um projeto que no Brasil leva até seis meses para ser aprovado, no Chile não passa de dois meses", compara. Segundo ele, "praticamente não existe corrupção" no país e a "legislação é clara e todo mundo a segue". "O Judiciário chileno também é bem previsível", complementa.
Os negócios no Chile, segundo o presidente, representam hoje 10% do faturamento da Plaenge. "Nossa meta é chegar a 25%", conta.

Rumo aos EUA
Os Estados Unidos representam 45% do mercado global de produtos odontológicos e, por isso, merecem atenção especial da Angelus. A empresa exporta para vários países do mundo, mas nos EUA precisa de um centro de distribuição. O presidente Roberto Alcântara diz que a filial de Miami deve começar a funcionar ainda neste semestre. "Estamos no mercado há 15 anos, mas só agora nos sentimos prontos para entrar no mercado americano", explica.
Para desenvolver o plano de negócio nos Estados Unidos, ele contou com o apoio de alunos de cursos de MBA de três universidades daquele país: da Califórnia (UCLA), de Michigan, e de Stanford. "Precisamos estar preparados para esse mercado que é o mais competitivo", diz ele.
Além disso, a Angelus precisou investir US$ 100 mil (cerca de R$ 230 mil) em certificações da FDA - poderosa instituição norte-americana que supervisiona o uso de alimentos e medicações no país. "Certificamos cerca de 50 produtos", conta. Entre eles, estão pinos de fibra de vidro para prótese dentária e medicações para tratamento de canais.
Alcântara explica que o mercado de produtos odontológicos brasileiro é historicamente importador, e que a Angelus só consegue vender seus produtos no exterior devido ao seu caráter inovador. "Somos eminentemente inovadores, criamos produtos. É isso que nos possibilita entrar nesses mercados", declara. Com o centro de distribuição nos Estados Unidos, a empresa espera crescer 30% já em 2014.