Com o objetivo de fomentar o uso do Manejo Integrado de Pragas (MIP) em lavouras de soja na atual safra (2014/15), o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), em parceria com a Embrapa Soja, iniciou ontem em Londrina a capacitação de 100 extensionistas que prestam assistência técnica em diversas Unidades de Referência (propriedades onde são feitos os estudos deste manejo) espalhadas em quase todas as regiões do Estado.
Esta será a segunda temporada de soja em que extensionistas do Emater prestarão apoio aos agricultores. Na safra 2013/14, em torno de 330 produtores receberam capacitação sobre o bom uso do MIP nas 46 Unidades de Referência do Estado.
O MIP nada mais é do que uma técnica baseada em estudos e experimentos que visa mostrar ao produtor a hora exata de interferir em determinado ambiente quando o mesmo está sob ameaça de alguma praga. Por meio de uma orientação técnica, o agricultor irá saber se o aparecimento de um determinado número de pragas é considerado ou não uma infestação. O resultado definirá se agricultor deve ou não realizar uma intervenção química.
Nelson Harger, coordenador do projeto grãos do Emater, explica que cada unidade de referência vai realizar um dia de campo para mostrar o que está acontecendo na propriedade modelo, oferecendo orientação técnica a todos os agricultores interessados. Harger avalia que a continuação do projeto este ano se deu pelo sucesso da primeira campanha.
Ele lembra que na safra passada as unidades de referência tiveram um retardo na primeira aplicação de defensivos, e iniciou no 50° dia pós-emergência da planta. A média de intervenção no Estado se dá no 20° dia. Só esse adiamento, lembra Harger, reduziu pela metade o número de aplicações. "O monitoramento faz parte da agronomia e precisa ser retomado para evitar aplicações desnecessárias", frisa o especialista.
O técnico do Emater salienta que o número de aplicações realizadas na agricultura ainda é alto. O uso exagerado de produtos químicos, completa Harger, tem elevado o aparecimento de pragas cada vez mais resistentes. "A ferramenta química tem que ser usada no momento certo", destaca o coordenador da entidade.
Harger lembra que o Paraná já foi referência na adoção do MIP, mas o manejo foi sendo deixado de lado nos últimos anos. Ele acrescenta que a valorização da soja tem aumentado a renda do produtor e que por receio de perder produtividade, muitos sojicultores não abriram mão dos defensivos, mesmo quando eram desnecessários. "Com a elevação no valor da commodity, houve uma diminuição em relação à preocupação com o aumento dos custos de aplicação", lamenta.
O coordenador de grãos do Emater completa que o produtor quer a máxima segurança, por isso adota o sistema de calendário, mesmo que a pesquisa comprove que não há a necessidade de aplicação. O especialista completa que é importante o produtor saber quando deve ou não realizar a intervenção química. "O importante é aplicar no momento certo", garante. O treinamento dos extensionistas termina hoje.