Imagem ilustrativa da imagem Dívidas comprometem 2/3 da renda do londrinense


As famílias de Londrina têm quase dois terços do salário comprometido com contas a pagar, indica a primeira Pesquisa Trimestral de Comprometimento de Renda e Inadimplência da Família Londrinense. O estudo local, capitaneado pela Universidade Federal Tecnológica do Paraná (UTFPR) em Londrina, tem o objetivo de subsidiar decisões do comércio da cidade em relação à capacidade de consumo dos moradores.
De acordo com o levantamento, o comprometimento da renda em Londrina é maior do que a média nacional: por aqui, 64,38% dos ganhos mensais das famílias são absorvidos pelo pagamento de contas, enquanto, no Brasil, chega a 57,3%.
A pesquisa da UTFPR adota a metodologia da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que faz o levantamento nacional. No Paraná, o nível de endividamento é ainda maior: chega a 87,8%, segundo os números da CNC divulgados pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio PR).
A pesquisa da UTFPR ouviu 227 pessoas nas ruas de Londrina. Destas, 29,1% disseram ter contas em atraso – número maior que a média paranaense, de 25,6%, e nacional, de 23,5% - e 11,5% disseram que não terão como pagar as contas no prazo. No Paraná e no Brasil, o percentual de pessoas nesta situação são 9% dos entrevistados.
Segundo o professor de economia da UTFPR Marcos Rambalducci, a primeira edição da pesquisa local não conseguiu identificar o motivo de o londrinense ter a renda mais comprometida em relação à media nacional. Também não é possível responder, ainda, por que há mais londrinenses dizendo que não conseguirão arcar com seus compromissos. "Talvez porque, como a renda é mais comprometida, não seja possível pagar todas as contas, mas o desemprego também castiga a região, o que prejudica as quitações", diz o economista.
No Paraná, o alto nível de endividamento das famílias é reflexo da pesquisa feita pela CNC, que se concentra em Curitiba, afirma a coordenadora do levantamento no Estado, Priscila Andrade Takata. De acordo com ela, na capital estadual, o número de servidores públicos, que têm estabilidade empregatícia, é maior. "Uma coisa que influencia bastante o endividamento é a certeza de emprego", afirma. Em nível estadual, o universo da pesquisa são 500 famílias.
Ela também diz que, historicamente, o endividamento das famílias é mais alto na Região Sul, o que pode refletir na realidade londrinense.

CARTÃO DE CRÉDITO

A fatura de cartão de crédito é o principal fator de comprometimento da renda de 33% dos londrinenses, aponta o estudo da UTFPR. Em seguida, vêm os financiamentos de veículo e de residência. Segundo Rambalducci, o dado não significa que a família tenha dívidas, mas apenas o quanto a renda dela é direcionada para aquele gasto.
A pesquisa local ainda indica que 20% dos entrevistados têm compromissos comprometendo parte dos ganhos por mais de um ano. "O levantamento é importante para que o comércio saiba o quanto os consumidores têm disposição para gastar. Não adianta fazer promoção se ninguém vai comprar, ou o empresário vai jogar dinheiro fora", explica.