O consumidor brasileiro passou 2013 mais endividado, graças aos vilões do consumo como cartão de crédito e financiamentos. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada ontem pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O total de famílias com dívidas alcançou 62,2% em dezembro, contra 60,7% do mesmo período do ano passado. No comparativo com o mês passado, houve queda nas dívidas em 1%.
Os principais culpados para o aumento anual foram o cartão de crédito (que subiu o patamar de 75,9% para 76,4%), financiamento de carro (11,7% para 12,6%) e financiamento de casa (5,2% para 6,7%). Outros tipos de dívida como cheque especial, cheque pré-datado, crédito pessoal, carnês de lojas sofreram retração durante os 12 meses (veja o quadro). "Apesar da moderação no consumo, a elevação do custo do crédito e a redução dos ganhos reais dos salários têm mantido o nível de endividamento das famílias em patamares elevados. Entretanto, o perfil mais favorável de endividamento, com prazos mais longos, permite uma melhora na percepção em relação ao endividamento", afirmou através da pesquisa da CNC, a economista Marianne Hanson.
Os níveis de inadimplência, portanto, recuaram em dezembro, quando 20,8% das famílias relataram ter algum tipo de dívida em atraso, contra 21,7% em dezembro do ano passado. Segundo a economista, "o efeito sazonal dos ganhos com o décimo terceiro salário influenciou positivamente esse resultado". Na faixa de renda de até dez salários mínimos, o percentual de famílias com contas ou dívidas em atraso passou de 23,4% em dezembro de 2012 para 22,9% deste ano. Já no grupo com renda superior a dez salários, o número retraiu para 11,3% em dezembro agora contra 13,8% do ano passado.
Para o economista da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Antonio Zotarelli, o endividamento do brasileiro vai continuar aumentando enquanto a economia estiver estável. "O momento continua favorável, com a renda aumentando e a situação de pleno emprego. Além disso, o crédito ainda é abundante e como o consumo foi represado por muito tempo, o consumidor vai continuar gastando", avaliou ele.
Em relação aos números da inadimplência, Zotarelli disse que tal percentual sofreu queda agora, mas pode sofrer variações a qualquer momento. "Uma dificuldade da economia e esses números voltam a subir. O brasileiro não tem a cultura de poupança e nem o olhar a longo prazo. Ele não pensa no momento de se endividar, não avalia a taxa de juros, e qualquer deslize no orçamento pode fazê-lo entrar para a lista dos inadimplentes"..
O economista da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Renato Pianowski, acredita que o consumidor está cuidando mais do seu dinheiro. "Tirando aquelas pessoas que são compulsivas, boa parte da população está tomando juízo e valorizando seu capital. Para o comércio, isso também é bom, já que o pessoal quer vender, mas também receber e continuar com o consumidor apto para novas compras futuras", explicou ele. Além disso, Pianowski disse que o consumidor já está pensando nas dívidas do início do ano que vem. "Ele sabe que se pagar o IPTU, IPVA e outras contas à vista, terá descontos significativos", completou. (Com agências)

Imagem ilustrativa da imagem Dívida do brasileiro aumenta, mas inadimplência cai em 2013