A grande quantidade de lançamentos de eletroportáteis na Eletrolar revela a estratégia das empresas do segmento após dois anos seguidos de retração
A grande quantidade de lançamentos de eletroportáteis na Eletrolar revela a estratégia das empresas do segmento após dois anos seguidos de retração | Foto: Mie Francine Chiba


São Paulo – Apesar da queda na linha branca (lavadoras, refrigeradores e fogões), o setor de eletroeletrônicos teve crescimento de 18,5% no primeiro semestre de 2017. Nesse período, foram vendidas 38,3 milhões de unidades de produtos do setor, contra 32,3% no mesmo período do ano passado. O crescimento foi puxado pela linha marrom e pelos eletroportáteis.



Houve queda de 3% nas vendas da linha branca nessa primeira metade de 2017, porém crescimento de 30,3% na comercialização de televisores e 23% em eletroportáteis. "Todas as mudanças que aconteceram com a TV, a TV digital, propiciaram um crescimento nesse momento", justifica Lourival Kiçula, presidente da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), em coletiva na Eletrolar Show 2017, feira do setor para a América Latina que está sendo realizada em São Paulo.



Na visão de Carlos Clur, presidente do Grupo Eletrolar (oganizadora da Eletrolar Show), o Netflix também contribuiu para o aumento nas vendas de TVs. "O ‘boom’ do Netflix foi importante para a venda de TV", diz. Já no segmento de eletroportáteis, Kiçula credita a consistência nas vendas aos lançamentos frequentes. "Portáteis continua bem, crescendo bem. (O segmento de) Small appliances se reinventa o tempo todo e cria coisas que cada um de nós quer conhecer. Então tem muitos produtos da linha de portáteis que favorecem tremendamente a dona de casa."

Na linha branca, Kiçula diz acreditar em uma inversão dos resultados até o final do ano, com crescimento de até 5%. "Em 2016 tivemos algumas dificuldades econômicas. Para o nosso setor o que mais preocupou foi o receio do consumidor, que reduziu drasticamente o investimento em bens duráveis, principalmente os de maior valor. Tivemos uma adaptação da indústria. Tivemos um 2017 melhor, mostrando alguns crescimentos. Acomodamos nossas operações fabris em uma nova realidade, e toda a demanda e o estoque do varejo. Estamos melhores, pouca coisa, mas de fato melhores e satisfeitos com as mudanças na política monetária e esperançosos de que as contas públicas ainda caibam no orçamento", conclui o presidente da Eletros.

Eletroportáteis

A grande quantidade de lançamentos de eletroportáteis na feira mostra a estratégia das empresas do segmento que, afirmam, sempre estão no território positivo. Uma empresa de produtos de cuidados pessoais, por exemplo, entrou em mais três categorias de mercado – saúde, cuidados com a pele e uma linha de produtos diferentes que inclui um aparelho que faz tranças de duas mechas nos cabelos -, com lançamentos que vão chegar ao mercado a partir de setembro.

A entrada em novas categorias de mercado está dentro da estratégia de crescimento da empresa, que espera fechar 2017 com incremento de 35% a 40%. O setor de cuidados pessoais, segundo Felipe Leonard, presidente da Ga.ma Italy no Brasil, enfrentou retração nos anos de 2015 e 2016. "Época de crise tem que vencer com inovação e com trabalho mais científico na área de vendas."

Tradicionalmente do setor de eletroeletrônicos, outra empresa aposta agora em notebooks e PCs e também em eletroportáteis, com a venda de cafeteiras, panelas de arroz, grills, mixers, secadores e cortadores de cabelos, aspiradores de pó e ferros de passar roupa ao lado de tablets, smartphones e produtos de informática.

Com a entrada em um novo segmento e os lançamentos de produtos, a companhia espera crescimento de 30% neste ano. "(O segmento de eletroportáteis) Tem um mercado de troca muito estabelecido. Hoje em dia o consumidor brasileiro cada vez mais está apostando em novos produtos, ao invés de mandar arrumar, compra, porque é um produto de baixo valor. Então é um mercado de troca muio rápido, muito ágil. E também no Brasil temos mais de 3 milhões de casamentos por ano. Cada vez que se tem um casamento, tem uma casa nova para equipar", comenta Crisley Brizzi, diretora de Marketing da Multilaser.

* A repórter viajou a convite da Eletros