Em sua banca montada no calçadão de Londrina, o artesão Luiz Carlos Bonfim Melchert admite que teve problemas para pagar os boletos de energia elétrica e vai entregar a casa alugada, porque não consegue arcar com o aluguel. "Fui deixando de pagar a conta de luz para manter o aluguel, mas não deu certo. Renegociei com a Copel e vou morar na casa de um parente", conta.
De acordo com ele, a crise econômica prejudicou o negócio. Até o ano passado, ainda era possível tirar bons ganhos próximo dos dias 5 e 20 de cada mês – quando caem, respectivamente, salário e "vale" para boa parte dos trabalhadores. "Mas está todo mundo segurando. Priorizam gastos com alimentação", opina.
O promotor de vendas Wellington dos Santos adite que está em atraso com o cheque especial e com empréstimo contraído justamente para pagar contas antigas. "Não deu certo, a dívida aumentou e virou bola de neve", diz, atribuindo a situação a um período de desemprego. E a solução? "Só no fim do ano", diz.
O planejador financeiro Gabriel Vansolini Soldado diz ser alarmante o volume de inadimplentes em instituições financeiras. "As dívidas com maiores juros, que crescem mais rápido, estão sendo deixadas de lado", alerta.
Ele afirma ser importante ter ao menos uma expectativa de solução para esses débitos e orienta a negociar com base no valor inicial da dívida. "Se uma dívida de R$ 1 mil se tornou uma de R$ 8 mil, a negociação com o banco deve ser feita com base no valor de R$ 1 mil." Soldado também ensina a trocar dívidas com jutos altos, como a do cartão e do cheque especial, por outras com juros menores, como crédito consignado, empréstimos com veículos e imóveis em garantia e até mesmo penhores. (L.F.W.)