A inclinação do produtor em ampliar a área plantada de soja em detrimento do milho de primeira safra exige a discussão sobre riscos, já que há problemas identificados em propriedades no Paraná em que a rotação de culturas foi abandonada no plantio direto. "Na safra de verão, o ideal é que a pessoa opte por um terço da área plantada com milho e o restante com soja, alternando no ano seguinte, mas nem sempre isso tem sido obedecido", diz o professor de economia Eugenio Stefanelo, da UFPR e da FAE.

Segundo o economista, que já foi presidente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) no Paraná, institutos de pesquisa tem identificado, no Estado, a compactação de cinco a dez centímetros de terra abaixo dos dez cm de superfície. "São casos em que nem mesmo a raiz de milho consegue penetrar, o que faz com que a planta sofra mais em períodos de seca. A solução tem sido revolver essa camada de até 20 cm e fazer a correção do solo, só que o ideal é pensar no longo prazo e fazer a rotação", explica Stefanelo.

Analista de desenvolvimento técnico de mercado da Ocepar (Organização das Cooperativas do Estado do Paraná), Maiko Zanella afirma que a escolha é do agricultor. Contudo, lembra que as perdas aparecerão ao longo dos anos. "Não é a recomendação, até porque compromete a perpetuação do ganho de produtividade e de sustentabilidade do próprio negócio no longo prazo, em troca de um ganho econômico momentâneo." (F.G.)