Em Londrina, na sexta-feira os preços já variavam de R$ 3,12 a R$ 3,89 para a gasolina e de R$ 2,12 a R$ 2,69 para o etanol em alguns postos
Em Londrina, na sexta-feira os preços já variavam de R$ 3,12 a R$ 3,89 para a gasolina e de R$ 2,12 a R$ 2,69 para o etanol em alguns postos | Foto: Marcos Zanutto



A perspectiva de aumento do preço dos combustíveis, após a assinatura de decreto pelo presidente Michel Temer que autoriza a elevação do PIS/Cofins sobre a gasolina, o diesel e o etanol nesta quinta-feira (20), levou os londrinenses aos postos de gasolina nesta sexta-feira (21). Filas de carro, que chegavam à esquina oposta dos estabelecimentos, se formaram em frente aos postos que ainda não haviam elevado os preços significativamente. No estabelecimento do Super Muffato, na Av. Celso Garcia Cid, fiscais da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) tiveram que intervir para organizar o trânsito.

Os preços começaram a se elevar nas bombas já na quinta-feira, conforme apurado pela FOLHA. Em uma rápida pesquisa entre alguns postos de combustíveis de Londrina nesta sexta-feira, foi possível perceber uma grande variação de preços, que iam de R$ 3,12 a R$ 3,89 para a gasolina, de R$ 2,12 a R$ 2,69 para o etanol, e de R$ 2,49 a R$ 2,99 para o diesel.


O objetivo do governo com a elevação do imposto é aumentar a arrecadação em cerca de R$ 11 bilhões para minimizar o rombo das contas governamentais. Com a assinatura do decreto, o litro da gasolina poderá ficar até R$ 0,41 mais caro nas bombas. A alíquota sobre o litro do combustível vai aumentar de R$ 0,38 para R$ 0,79. No caso do etanol, o imposto, então zerado, vai para R$ 0,19. Já o litro do diesel poderá ficar R$ 0,22 mais caro, com a alíquota do PIS/Cofins subindo de R$ 0,24 para R$ 0,46.

Antes que todos os valores se elevassem, houve uma verdadeira corrida aos postos de combustíveis que ainda praticavam preços mais baixos em Londrina. O vendedor Edival Demétrio afirma que os postos de combustíveis já começaram a aumentar os preços. "Teve posto que deu mais de R$ 0,55 de diferença. Tem que aproveitar enquanto a diferença está muito grande. Esses reajustes pegam a gente despreparados", queixa-se.

Quando a funcionária municipal Cecília Yamada leu no jornal que haveria reajuste, ela foi ao posto para completar o tanque, mesmo já tendo abastecido no dia anterior. "O aumento foi significativo", comenta Cecília, que trabalha em Cambé e faz o trajeto à cidade vizinha todos os dias. O agricultor Lauro S. Filho, que cultiva milho em sua propriedade, lembra que o aumento terá impacto até sobre o preço do cereal. "Vai impactar no custo da colheita, que está no auge. Uma área de 10 alqueires consome 2 mil litros fácil em uma colheita." Nesta sexta, ele resolveu enfrentar a fila do posto de combustível para aproveitar os preços ainda mais baixos do combustível.

Repasse inevitável
Mesmo com os postos cheios de clientes, os donos dos estabelecimentos não tinham muito o que comemorar. Com dificuldades para comprar combustíveis dos distribuidores, que aguardam a definição do preço para voltar a comercializar, os proprietários dos postos chegaram a ficar sem produto para vender e já tinham a expectativa de, no dia seguinte, pagar bem mais caro pelo produto. "Tem que repassar, não tem o que fazer. Quando o governo aumenta o imposto, já muda o preço. Quando compro mais caro, só posso repassar", diz Paulo Ricardo Guena, proprietário de posto de combustível.

Edson Moraes, gerente de outro estabelecimento, queixa-se de a medida ter sido repentina, fazendo o posto ficar sem combustível no dia de ontem. "Nos pegou desprevenidos." Para ele, o aumento fará com que, em curto prazo, os consumidores abasteçam menos, e procurem mais por preços mais baixos. "O mercado está imprevisível. Já vinha subindo os preços da Petrobras, mas agora foi assustador. De imediato o impacto será muito grande. O pessoal não enche o tanque, põe valores menores, vai ficar procurando preço mais acessível. O movimento já não estava lá aquelas coisas. Mas depois os preços vão se equalizar."

Procon alerta consumidores sobre aumento
O Procon em Londrina informou, por meio do Núcleo de Comunicação da Prefeitura, que já identificou que alguns postos de combustíveis na cidade aumentaram o preço da gasolina após o reajuste anunciado pelo governo federal, mas esclarece que o combustível não pode ter o valor reajustado antes da renovação do estoque.

O coordenador do Procon-LD, Gustavo Richa, explicou que a prática é proibida, e que os postos de combustíveis não podem aumentar os preços enquanto ainda estiverem com o estoque velho. "O aumento deve ser gradual, à medida que os estabelecimentos forem comprando o produto com o novo preço, o que em muitos casos ainda não ocorreu", frisou.

Caso haja suspeita de irregularidade em preços dos combustíveis, o consumidor pode entrar em contato com o Procon-LD pelo telefone 151, que funciona de segunda a sexta-feira, das 9 às 17 horas. Ou comparecer pessoalmente na sede do Núcleo, localizada na Rua Mato Grosso, 299, com entrega de senha das 9 às 14 horas.

Segundo o coordenador do Procon-LD, nova pesquisa de preços será realizada pelo órgão na próxima semana. "Se, durante a pesquisa, nossos fiscais identificarem aumentos abusivos, iremos notificar o estabelecimento por suposta irregularidade", afirmou.

Denúncia
Já o Procon do Paraná disponibilizou ferramenta onde os consumidores poderão registrar eventuais abusos encontrados em relação ao preço dos combustíveis, após do aumento de Pis/Cofins anunciado no último dia 20 de julho.

O link "Abuso nos preços dos combustíveis" já está disponível na página do Procon-PR, www.procon.pr.gov.br e também da Secretaria de Estado da Justiça, Trabalho e Direitos Humanos (SEJU), em www.justica.pr.gov.br.

Ao acessar a ferramenta o consumidor deverá informar seu nome, e-mail, preço praticado antes e após o reajuste, e ainda, anexar documentos, como fotos, vídeos, nota ou cupom fiscal, que serão utilizados na abertura do processo administrativo pelo Procon-PR.

O foco da ação é apurar eventuais abusos ou irregularidades como o repasse indevido da elevação dos tributos em produtos que já estavam em estoque.