O reajuste da tarifa de água e redução do volume mínimo da tarifa social pegaram os consumidores de surpresa. Moradora na Vila Ricardo (zona leste), a dona de casa Aparecida Golvella, 66 anos, ficou indignada com a novidade. "A gente já economiza água para pagar menos. Não tem como usar só cinco metros cúbicos. Só se não tomar mais banho", reclamou. Para ficar dentro da margem mínima de consumo atual (10 metros cúbicos), Golvella reutiliza a água da máquina de lavar roupa para a limpeza da casa e dos banheiros.

A comerciante Rose Oliveira afirma ser injusto uma casa que gasta pouco ou que está fechada ter que pagar o mínimo de 10 metros cúbicos
A comerciante Rose Oliveira afirma ser injusto uma casa que gasta pouco ou que está fechada ter que pagar o mínimo de 10 metros cúbicos | Foto: Fotos: Marcos Zanutto



Com o novo valor da tarifa, o orçamento da confeiteira Stefani Gomes da Silva, 27, vai ficar mais apertado. "A conta vai dobrar", disse Silva, também residente na Vila Ricardo. A família normalmente consome entre 10 e 11 metros cúbicos/mês. "O meu consumo maior é com a roupa. Meu marido é açougueiro e tenho que lavar a roupa dele todo dia. Não tenho como economizar mais", afirmou.
A mudança anunciada pela Agência Reguladora do Paraná (Agepar) não trará grande impacto no dia a dia da comerciante Rose Oliveira, 43. Ela gasta em torno de 4 a 5 metros cúbicos por mês em seu comércio, mas a conta residencial ficará mais salgada. Oliveira é contra a forma de cobrança da tarifa de água. "Considero injusto uma casa que gasta pouco ou que está fechada ter que pagar o mínimo de 10 metros cúbicos, mas para quem usa no dia a dia, o impacto dessa redução para cinco metros cúbicos vai ser grande", disse.

A dona de casa Aparecida Gouvella: "Não tem como usar só cinco metros cúbicos. Só se não tomar mais banho"
A dona de casa Aparecida Gouvella: "Não tem como usar só cinco metros cúbicos. Só se não tomar mais banho"



CONDOMÍNIOS
O reajuste da água deve encarecer as taxas de condomínio. "O valor (8,53%) não é tão alto, mas se você juntar com o aumento da energia elétrica e o reajuste dos funcionários, que deve ficar em torno de 10% a 11%, o impacto fica grande. E para conseguir manter as taxas baixas os condomínios vão ter que fazer cortes", disse Flávio Moreira de Araújo, que é síndico de dois edifícios no centro de Londrina.
O síndico enfrenta duas realidades distintas: em um prédio, os 28 apartamentos consomem a tarifa mínima. "Neste caso, acho mais justo pagarmos só pelos 5 metros cúbicos, já que os apartamentos não ultrapassam os 10 metros cúbicos. Mesmo assim, devemos ter um acréscimo de uns R$ 145 na conta", comentou Araújo.
No outro condomínio, com apartamentos maiores, o consumo ultrapassa a cota, mas a ginástica para economizar é a mesma. "Investimos em um poço artesiano e controlamos o uso da água. Sempre que atingimos a cota, acionamos o poço. Mas temos o custo do esgoto gerado pelo poço artesiano. Estamos sempre nos equilibrando para ficar em um meio-termo", afirmou o síndico.