Nas gôndolas do supermercados de Londrina, o aviso próximo às caixas de leite longa vida ressalta que nenhum lote adulterado no Rio Grande do Sul está sendo comercializado nos estabelecimentos. Mesmo assim, nas últimas semanas, o que se vê são consumidores receosos e até devolvendo produtos das marcas denunciadas pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS), mesmo não sendo pertencentes ao lotes adulterados. De acordo com os gerentes dos supermercados entrevistados pela FOLHA, a venda de leite não sofreu queda no período, mas a substituição por marcas que não têm o nome envolvido no esquema fraudulento é clara.
De acordo com o MP, a Operação Leite Compen$ado retirou lotes de seis marcas do mercado e interditou três postos de resfriamento e uma fábrica em Estrela(RS). Cinco empresas (transportadoras) investigadas repassavam o produto para as marcas Mu-mu, Italac, Goolac, Hollmann, Só Milk, Líder e teriam transportado 100 milhões de litros de leite adulterados com a utilização de um milhão de quilos de ureia, além de água e formol.
O gerente do Musamar, Josimar dos Santos, explicou que o supermercado não adquiriu os lotes fraudados. Mesmo assim, ele comentou que as marcas envolvidas no escândalo estão sendo substituídas pelos clientes. "Quando o esquema estourou (dia 8), recebíamos de volta dez caixas de leite por dia. Mesmo não sendo dos lotes divulgados pelo MP, fazíamos a troca para não causar transtornos aos nossos clientes".
Já no Viscardi, a substituição de uma marca por outra também aconteceu, sem afetar a movimentação das vendas. "O cliente que comprou as marcas com problemas liga perguntando, questiona, às vezes vem trocar, mas nada além disso. Muita gente não está tão bem informada sobre o assunto, porém não criamos problemas e substituímos o produto", salientou a subgerente do supermercado, Sonia Sabadini.
A psicopedagoga Miriam Norberto comprava duas das marcas que estão sendo investigadas pelo MP. "Fiquei receosa e passei a comprar Parmalat. É difícil deixar de consumir, mas temos que ficar atentos para não ter problemas com nossa saúde", avaliou.

Confepar
A Confepar – Agroindustrial Cooperativa Central, com sede em Londrina e vendedora das marcas Cativa e Polly, também será investigada pelo MP-RS. Segundo informações do órgão, o leite produzido num entreposto na cidade de Selbath (RS) teria sido adquirido pela Confepar.
Por meio de nota oficial, a Confepar disse que "repudia ações fraudulentas, como as citadas nas investigações do Ministério Público na operação Leite Compensado". A empresa afirma estar no mercado há mais de 30 anos e cumprir procedimentos e controles internos de qualidade, com base na legislação vigente. "A qualidade do leite é um fator determinante para a Confepar que exige padrões rigorosos de seus fornecedores primando pela qualidade de seus produtos, pela confiança de seus produtores e pelo bem-estar de seus consumidores", afirma o documento. A cooperativa também diz não ter sido notificada sobre a investigação do Ministério Público.