Entre as complexidades e burocracias que assombram o Brasil está a questão previdenciária. A tão sonhada aposentadoria pode se tornar um pesadelo quando não há orientação e planejamento no decorrer do tempo de recolhimento. O Sindicato das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações, Pesquisas e de Serviços Contábeis de Londrina e Região (Sescap-Ldr) tem acompanhado de perto a questão e recomenda que os contribuintes não deixem para buscar uma assessoria nas vésperas de se aposentar.
"É muito comum as pessoas passarem a recolher pelo teto máximo perto do tempo de se aposentar achando que aumentará o valor da aposentadoria. Isto é um erro, que vem acompanhado de muita frustração", alerta o presidente do Sescap-Ldr, Jaime Cardozo.
Segundo o contador e advogado Moacir Nabarro, o que leva as pessoas ainda a acreditarem e cometerem o tipo de erro apontado pelo presidente do Sescap-Ldr, é que até 1998 isto era verdade. "Nesta época, o valor da aposentadoria levava em conta somente os últimos 36 salários antes da aposentadoria. Hoje, o valor da aposentadoria leva em consideração os 80% dos melhores salários de julho de 1994 até o mês anterior à aposentadoria. Então, contribuir alguns meses com um valor mais alto pode não fazer diferença alguma",
explica Nabarro.

Fraudes
De acordo com o contador e consultor trabalhista/previdenciarista Emerson Costa Lemes a ideia é valorizar a constância nas contribuições, e também evitar fraudes ao sistema. Sendo assim, a melhor forma de se programar é pagando a contribuição máxima, por um período o mais extenso possível. Mas antes disso, o ideal é procurar um profissional da área previdenciária para fazer um planejamento. "Este profissional avaliará as contribuições que a pessoa já fez, o tempo de contribuição, as regras de concessão das aposentadorias, e poderá orientar o contribuinte sobre qual valor deve continuar contribuindo. Vale lembrar que as contribuições são apuradas sobre a renda do trabalho; logo, se a pessoa tem um rendimento alto, não pode pagar sobre o mínimo, pois estará sonegando tributo previdenciário", orienta Lemes.
Achar que apenas os salários recentes serão utilizados na hora do cálculo da aposentadoria é um dos erros, mas não o único. Entre os principais erros detectados pelos especialistas em previdência são: pensar que vai se aposentar com um valor parecido com o salário atual (a média é de um período muito extenso, o que torna quase impossível o valor ficar parecido com o salário atual); ter uma renda do trabalho e querer ‘complementar’ com um carnê, imaginando que vai somar tudo (não soma), ou achar que, mesmo sem contribuir, a pessoa conseguirá se aposentar por idade.

Exemplo
O consultor exemplifica: "Considerando alguém que nunca tenha ficado nenhum mês sem contribuir: de julho/94 até hoje (ago/16) temos 266 meses; 266 x 80% = 213. Ou seja, será feita a média dos 213 maiores salários que a pessoa teve em todo este período. A partir desta média, cada modalidade de aposentadoria tem uma regra específica. Mas, a base é sempre esta média. Se dentro deste período a pessoa ficou mais de 25% do tempo sem contribuir, sua média será reduzida".

Por idade
Conforme o Ministério do Trabalho e Previdência Social, a aposentadoria por idade é um benefício que pode ser solicitado pelo trabalhador que comprovar o mínimo de 180 meses de trabalho, além da idade mínima de 65 anos (homem) ou 60 anos (mulher). Para segurados especiais como: agricultores familiares, pescadores artesanais e indígenas, a idade mínima é reduzida em cinco anos. Porém para optar por essa categoria, esse tipo de segurado deve estar exercendo atividade nesta condição quando for solicitar o benefício. Se o trabalhador não conseguir comprovar o tempo mínimo de trabalho necessário ao segurado especial, ele poderá pedir o benefício com a mesma idade do trabalhador urbano.
"Outra recomendação é que o trabalhador solicite em qualquer agência do INSS e retire um documento chamado de Cadastro Nacional das Informações Sociais (CNIS) o quanto antes melhor, e assim verificar se há pendências e resolvê-las. Não deixe isso apenas para quando for aposentar, pois poderá ocasionar atrasos no recebimento da aposentadoria. É importante resolver todas as pendências com antecedência, para não ter aborrecimentos na hora de aposentar e ficar correndo atrás de documentos antigos, principalmente, caso tenha perdido alguma CTPS", destaca Nabarro.

Sindicato das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações, Pesquisas e de Serviços Contábeis de Londrina e Região (Sescap-Ldr),