São Paulo - A CNI (Confederação Nacional da Indústria) reduziu nesta quinta-feira (11) a projeção para o crescimento da economia este ano. Em estudo chamado de Informe Conjuntural, relativo ao terceiro trimestre, a previsão passou de 1,6% estimado em junho para 1,3%.

Em abril, a estimativa era 2,6%. A projeção da CNI é que o PIB (Produto Interno Bruto) industrial tenha expansão de 1,3%, inferior a 1,8% previsto em junho. As informações são da Agência Brasil.

PIB da indústria deve crescer 1,3%, inferior a 1,8% previsto em junho: consumo das famílias aumentará 1,9% e a taxa de desemprego continuará alta, em torno de 12%
PIB da indústria deve crescer 1,3%, inferior a 1,8% previsto em junho: consumo das famílias aumentará 1,9% e a taxa de desemprego continuará alta, em torno de 12% | Foto: Gustavo Carneiro/13-03-2018



O consumo das famílias aumentará 1,9% e a taxa de desemprego continuará alta, fechando o ano com média anual de 12,2% da população economicamente ativa. As novas previsões indicam que os investimentos aumentarão 2,2%.

A projeção da CNI lembra que as incertezas em relação ao resultado das eleições e ao programa econômico do novo governo reduziram ainda mais o fraco ritmo de crescimento da economia e da indústria no terceiro trimestre.

Para a CNI, o ajuste das contas públicas é o principal desafio do próximo governo. "É inexorável um ajuste que reponha a trajetória das contas públicas na linha da responsabilidade fiscal", diz o documento.

Instituições financeiras consultadas pelo Ministério da Fazenda reduziram a previsão para o resultado negativo das contas públicas neste ano. A estimativa do deficit primário do Governo Central - formado pelo Tesouro Nacional, a Previdência Social e o Banco Centra l - passou de R$ 141,038 bilhões para R$ 137,259 bilhões.

A projeção segue abaixo da meta de déficit perseguida pelo governo, de R$ 159 bilhões. O resultado primário é formado por receitas menos despesas, sem considerar os gastos com juros. Os dados constam da pesquisa mensal Prisma Fiscal, elaborada pela Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, com base em informações do mercado financeiro. Para 2019, a estimativa das instituições financeiras é de deficit de R$ 117,772 bilhões, contra R$ 123,808 bilhões previstos em setembro.

No relatório divulgado nesta quinta-feira (11), as instituições preveem menos despesas - a estimativa passou de R$ 1,364 trilhão para R$ 1,362 trilhão. Já a previsão para receitas líquidas foi ajustada de R$ 1,224 trilhão para R$ 1,223 trilhões.

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DÍVIDA PÚBLICA
A CNI estima que a dívida pública alcançará 77,1% do PIB. O deficit primário, mesmo com as sucessivas quedas registradas até agosto, fechará o ano em 1,9% do PIB, mostrando que as despesas do governo são superiores às receitas.

"Em 2018, completaremos o quinto ano seguido de déficits primários expressivos, o que levou ao aumento de 25 pontos percentuais na relação da dívida pública/PIB. Esse quadro precisa ser revertido", adverte o estudo.

Na avaliação da indústria, o próximo governo deve manter a Emenda Constitucional 95, que estabelece limites para o crescimento do gasto público. A CNI lembra ainda que o cumprimento dos limites dos gastos depende de reformas em tramitação no Congresso Nacional.

"É, portanto, possível avançar nessas discussões com sucesso, aprovando a reforma da Previdência e os projetos que tratam da remuneração dos servidores públicos. Ambos são cruciais para reduzir o ritmo de expansão das despesas primárias", destaca o Informe Conjuntural.

Para a CNI, se o novo governo fizer as reformas necessárias a um ajuste fiscal de longo prazo que elimine o deficit e reverta a trajetória de crescimento da dívida pública, o Brasil poderá superar a crise e crescer até 3% no próximo ano.