A pesquisa Perfil de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) mostra que 61,9% dos londrinenses estavam endividados no trimestre iniciado em setembro e encerrado em novembro. As principais dívidas se referem a cartão de crédito – 31,3% dos entrevistados dizem ter débitos nesta modalidade. Depois, vêm a prestação da casa (20,2%) e a do carro (19,2%). A pesquisa é feita pela UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), sob coordenação do economista, professor da instituição e colunista da FOLHA, Marcos Rambalducci.

O levantamento revelou também que 28,3% dos londrinenses têm contas em atraso e 9,2% não terão condição de pagá-las. Como endividados, a PEIC considera todas as famílias que têm conta ou dívidas contraídas com cheques pré-datados, cartões de crédito, carnês de loja, empréstimos pessoais, compra de imóvel e prestação de carros e de seguros.

Imagem ilustrativa da imagem Cartão de crédito é o 'vilão' do endividamento das famílias londrinenses
| Foto: Marcos Santos/USP Imagens



"Os consumidores não conseguem mais pagar toda a dívida do cartão de crédito, que vai se tornando um problema maior por conta dos abusivos juros. É fundamental que os endividados tenham uma disciplina orçamentária para quitar o valor total deste crédito rotativo. É aconselhável deixar de lado outras contas, como condomínio, por exemplo, pois os juros são bem menores, e pagar o montante total do cartão", afirma Rambalducci.

Ele ressalta que, devido ao 13º salário, esta é uma época propícia para saldar débitos. "No entanto, o consumidor precisa prestar atenção para não ultrapassar seu orçamento (pagando dívidas) e começar o próximo ano novamente com problemas com o crédito rotativo", enfatiza.

De acordo com a pesquisa, das famílias que têm dívidas, 19,2% se declaram muito endividadas enquanto que as pouco endividadas são 15,2%. As famílias de renda menor que 10 salários mínimos têm um perfil de comprometimento maior que os de renda superior. Das que têm dívidas, 14,9% dizem que vão liquidá-las no prazo de até três meses, enquanto que 47,5% levarão um ano ou mais para quitá-las. As famílias com renda abaixo de 10 salários mínimos acumulam menos compromissos financeiros de prazo superior a um ano que as famílias com renda superior a 10 salários mínimos.

Das que declararam algum tipo de comprometimento de renda 28,3% afirmaram ter algum débito em atraso. Este indicador recai sobretudo nas famílias cuja renda é igual ou inferior a 10 salários mínimos, cujo porcentual de contas em atraso é de 30,7% contra 7,7% das famílias com renda superior a 10 salários mínimos. Das que declararam ter dividas em atraso (28,3%), 32% não conseguirão pagá-las. Já 67% das famílias com alguma dívida em atraso conseguirão quitá-la parcialmente ou totalmente.

Em relação à pesquisa anterior, o total de pesquisados em Londrina que declarou ter algum tipo de comprometimento da renda familiar apresentou ligeira elevação de 61,5% para 61,9%, enquanto que as famílias com contas em atraso caiu de 29,3% para 28,3% e as que não terão condições de pagar pelo menos parcialmente suas dívidas caiu de 10,6% para 9,1%.

Foram ouvidos representantes de 164 famílias de 21 a 28 de novembro. A pesquisa tem intervalo de confiança de 90% e erro amostral de 6%.