Brasília - Após muito bate-boca e confusão, os senadores da base do governo conseguiram uma saída para completar a leitura do parecer da reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). O relator Ricardo Ferraço (PSDB-ES) deu o parecer como lido e confirmou que a votação no colegiado está agendada para a próxima terça-feira, 30.

"Dei o relatório como lido e foi concedida vista. A tendência é que a votação seja já na próxima terça-feira. O calendário da reforma trabalhista está absolutamente mantido", afirmou Ferraço.

Com o relatório dado como lido, o próximo passo é a votação na CAE. Antes de ir a plenário do Senado, última etapa da votação na Casa, o projeto precisa ser apreciado por outros dois colegiados: Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e Comissão de Assuntos Sociais (CAS). O calendário inicial do governo era de aprovar a reforma trabalhista até meados de junho. Diante da crise, o cronograma deve ser alterado.

A leitura do relatório chegou a ser interrompida depois que parlamentares se agrediram com xingamentos de "bandido" e "vagabundo". A oposição tentou impedir a leitura do relatório por meio de um requerimento apresentado à mesa diretora da comissão. Contudo, o pedido foi rejeitado em votação apertada, por 13 votos a 11.

DERROTA
A confusão e a leitura protocolar do texto nesta terça representam uma derrota no governo. Após intensas reuniões ao longo do fim de semana, o Palácio do Planalto manteve o discurso de "continuidade dos trabalhos" no Congresso, numa tentativa de dar aparência de "normalidade" em meio à crise política. A leitura do relatório, que sugere a alteração da reforma por meio de vetos e de uma medida provisória, era o primeiro passo nas mudanças na CLT no Senado.

A edição de uma MP para modificar pontos em que haja desacordo na base foi proposta por Temer para evitar que o projeto sofra modificações e, com isso, tenha de voltar à Câmara.

O relator apontou a necessidade de serem revistos seis pontos do texto aprovado pela Câmara dos Deputados: 1) possibilidade de gestantes e lactantes trabalharem em locais insalubres; 2) possibilidade de acordo individual para a jornada 12h X 36h; 3) criação do trabalho intermitente; 4) possibilidade de negociação do intervalo para almoço; 5) nomeação de um representante dos trabalhadores dentro das empresas; 6) revogação dos 15 minutos de descanso antes da mulher fazer hora extra.