Curitiba - Dos 14 blocos para exploração de gás natural que foram colocados em oferta no Paraná na licitação promovida ontem no Rio de Janeiro pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), 11 foram arrematados por seis empresas. O consórcio entre a Petrobras (60%) e a empresa Cowan (40%) ficou com cinco blocos. A Petrobras, isoladamente, arrematou outros dois blocos e, um consórcio formado pelas companhias paranaenses Copel (30%), Bayar (30%) e Tucumann (10%), e ainda a Petra Energia (30%) ficou com quatro blocos. As empresas vão investir R$ 174,4 milhões na fase inicial de exploração que dura quatro anos.
No total, as empresas vencedoras destes 11 blocos vão pagar R$ 21,5 milhões de bônus de assinatura. De acordo com informações da ANP, as propostas foram avaliadas com base nos seguintes critérios: bônus de assinatura oferecido pela empresa, com peso de 40%, valor dos investimentos que a companhia pretende fazer (peso de 40%) e o índice de conteúdo nacional que a empresa se compromete a usar (peso de 20%).
O presidente da Copel, Lindolfo Zimmer, disse que a área de gás representa uma nova fronteira energética para a companhia. Segundo ele, a estatal apostou em oito blocos e ganhou exatamente os quatro que mais tinha preferência. Entre os motivos para a empresa entrar na área de gás ele apontou a necessidade de a Companhia Paranaense de Gás (Compagas) fazer frente aos investimentos do Programa Paraná Competitivo e à existência de termelétrica UEG Araucária no Estado, que é movida a gás.
Ele acredita que há possibilidades muito favoráveis de encontrar gás nos blocos que a Copel arrematou. Dois deles são de gás convencional e os outros dois de gás não convencional. A área que a estatal arrematou está em uma faixa que vai de Pitanga até Pato Branco e tem 12 mil km². Nesta primeira etapa de quatro anos, o consórcio que a Copel formou com as outras três empresas vai investir R$ 100 milhões, dos quais R$ 35 milhões de responsabilidade da estatal. Zimmer disse que nos blocos que exigem a técnica não convencional, a Copel vai ‘’tentar mitigar a possibilidade de qualquer mácula ao meio ambiente’’.
A Toxisphera, associação de proteção ao meio ambiente com sede no Paraná, tinha impetrado na última segunda-feira um mandado de segurança na Justiça Federal do Distrito Federal, pedindo a anulação da 12ª rodada de licitações de petróleo e gás. Segundo o advogado da entidade, Fabiano Assad Guimarães, a juíza entendeu que não seria competente para julgar este assunto. Então ele resolveu repetir a ação na Justiça Federal do Rio de Janeiro pedindo para suspender a adjudicação que é a fase de conferência de documentos e apresentação de garantias por parte das empresas vencedoras do leilão. Caso a Justiça atenda este pedido, isso impedirá que aconteça a concessão propriamente dita dos blocos e a assinatura do contrato.

Petrobras
A Petrobras arrematou a maioria dos blocos vendidos no leilão. Ao todo, o leilão arrecadou R$ 165,9 milhões. O maior lance da Petrobras foi para um bloco na bacia do Recôncavo, pelo qual vai pagar R$ 15,2 milhões. As maiores disputas foram verificadas nas bacias do Paraná e do Recôncavo, que ajudaram a turbinar o montante arrecadado no leilão. O Recôncavo, junto com as bacias de Sergipe-Alagoas e São Francisco, eram apontadas como as de maior potencial para descoberta de gás não convencional.
A 12ª rodada da ANP era focada em áreas de gás natural em terra, e, pela primeira, vez ofertou oportunidades de exploração de gás não convencional, um tipo de gás que utiliza a técnica de fraturamento hidráulico para liberar o gás contido em rochas. O gás convencional fica solto nos reservatórios. (Com Folhapress)