Umuarama Pelo menos 30% dos quase 200 criadores de frango da região de Umuarama, que abastecem a indústria Averama, estão dispostos a parar a produção se a empresa não rever os preços pagos. A decisão foi tomada anteontem à noite numa reunião na Câmara de Umuarama. Apenas 20 produtores participam da reunião, mas a insatisfação é geral e o movimento pode ganhar força nas próximas semanas. O presidente da Associação dos Criadores de Rondon, Sérgio Dias, informou que 54 dos quase 100 associados já assinaram o documento aderindo ao biocote. A intenção é entregar os frangos prontos para abate e recusar novos lotes de pintinhos, interrompendo o ciclo produtivo.
Os produtores reclamam que a remuneração da atividade caiu muito devido ao aumento dos custos de produção. ''A maioria está ganhando menos de R$ 200,00 mensais. Se formos computar o investimento do barracão, não estamos ganhando nada'', disse Celso Pozzobom. O produtor Agenor Bonetti, de Rondon, explicou que vai parar depois de entregar os 9,4 mil frangos que estarão prontos para abate daqui a 30 dias. ''Até o ano passado, eu tirava até R$ 500,00 livres. Agora não chega a R$ 250,00. Estou quase pagando para produzir'', reclamou. Os ciradores afirmaram que já fizeram vários pedidos de reajuste para a empresa, mas não foram atendidos nem receberam nenhuma contraproposta.
Mesmo sem ser convidado, o diretor da Averama, Celso Martins, compareceu à reunião e tentou convencer os produtores de que o problema é isolado, e que apenas os barracões com baixa produtividade estariam rendendo pouco. Porém, avicultores com boa produtividade que estavam presentes discordaram de Martins e afirmaram que também estão insatisfeitos. O diretor da empresa criticou as associações por convocarem uma paralisação, sem conversar antes com a Averama. ''Pelo menos, mil famílias (200 produtores e 750 empregados da Averama) serão prejudicadas'', argumentou. Segundo Martins, a empresa abate 30 mil frangos por dia.
Os granjeiros produzem cerca de 1,5 milhão de aves para os dois abatedouros da Averama, em Umuarama e Rondon. O presidente da Associação de Umuarama, Edgar Milani de Holanda, acredita que todos os criadores que trabalham em sistema integrado com as indústrias no Paraná estão na mesma situação, mas falta organização para se unirem e pressionarem as empresas a melhorar os preços. ''Muitos vão simplemente acabar desistindo da atividade'', observou. Holanda disse ainda que os criadores da região não serão forçados a aderir ao movimento.