São Paulo - Independentemente de qual candidato vença a eleição presidencial no segundo turno, a expectativa é de que 2015 seja um ano "duro" para a economia brasileira, avaliou ontem o economista do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da Fundação Getulio Vargas (FGV), Fernando de Holanda Barbosa Filho. "Venha quem vier, o próximo ano será muito ruim para o consumo doméstico", disse, durante participação no 16º Congresso Brasileiro de Embalagem.
Segundo Barbosa, o conjunto de fatores que permitiu o crescimento acelerado do consumo interno nos últimos anos - aumento da concessão de crédito, redução do desemprego e elevação da renda das classes mais baixas - começa a dar sinais de esgotamento. Para o economista, dados econômicos recentes já apontam para a estabilidade do crédito não imobiliário no País.
"O crédito não vai crescer como no passado, até porque os juros no Brasil são altos e devem subir ainda mais em 2015. Além disso, no ano que vem o desemprego deve aumentar e a renda diminuir, forçando a necessidade de ajustes independentemente do governo que assumir", afirmou. A alta da taxa básica de juros, segundo ele, é ainda mais preocupante porque além de impactar a demanda interna, deve desacelerar também o ritmo de investimentos no País.
À reportagem, o economista considerou que os setores de vestuário e gastos pessoais devem ser os mais afetados pela queda no consumo doméstico. Apesar de corresponder à maior parcela dos gastos das classes de renda mais baixas, o setor de alimentos e bebidas, por ser menos elástico, deve sofrer efeito negativo menor, acredita Barbosa.