Imagem ilustrativa da imagem 13º dos aposentados vai injetar R$ 1,03 bi no Paraná
| Foto: Gina Mardones
Aposentado há seis anos, Jair Tolentino vai usar o 13º para ajudar a mãe e os filhos
Imagem ilustrativa da imagem 13º dos aposentados vai injetar R$ 1,03 bi no Paraná



A primeira parcela do 13º salário para aposentados e pensionistas, que começa a ser depositada na próxima quinta-feira, deve injetar quase R$ 1,03 bilhão na economia paranaense. A orientação de especialistas, entretanto, é resistir às tentações e guardar os recursos extras, de preferência, em alguma aplicação que gere rendimentos, principalmente em períodos de crise econômica.
O Paraná concentra 1,7 milhão dos 5,4 milhões de beneficiários da Região Sul, que receberão R$ 3,38 bilhões. No Brasil, serão pagos R$ 18 bilhões para mais de 29 milhões de aposentados, para quem tem cartão com final 1 e ganha até um salário mínimo de abono.
O pagamento para quem ganha acima do mínimo começa no dia 1º de setembro e segue até o dia 8 do mês que vem. A segunda parcela será creditada na folha de pagamento do mês de novembro. Nos casos em que há incidência de Imposto de Renda, o desconto ocorrerá nesta ocasião.
O educador financeiro Márcio Araújo afirma que a alternativa mais viável para aproveitar o recurso é guardá-lo para a realização de um sonho ou mesmo para imprevistos futuros. "Os aposentados de hoje não têm o mesmo perfil daqueles das décadas de 1970 e 1980", ressalta. Isso porque a terceira idade de hoje tem mais qualidade de vida, com idosos frequentando academias e comprando pacotes de viagens, devido à estabilidade financeira firmada após a implantação do Plano Real, em 1994.
Com uma expectativa de vida mais longa, Araújo sugere que qualquer recurso extra seja aplicado para planos futuros, mesmo que seja em caderneta de poupança. Para ele, o dinheiro não deve ser usado para pagar contas. "O ideal é negociar com o credor uma parcela que caiba no orçamento mensal e investir qualquer ganho extra, como o 13º ou participações em lucros", orienta.
O presidente estadual do Sindicato Nacional dos Aposentados Pensionistas e Idosos, Antônio Dias Lobato, dá outro alerta: cuidado com as financeiras, que oferecem crédito consignado aos idosos. "Nós sugerimos que empréstimo, só se estiver nas mãos de agiota", afirma.
De acordo com ele, 65% dos aposentados estão endividados. Boa parte vem de crédito obtido para auxiliar familiares que acabam não arcando com os custos. "Esses empréstimos, muitas vezes, trazem brigas, desentendimentos para os lares. Em média, 40% das dívidas dos aposentados não são deles."
Aposentado há cerca de um ano, Douglas Lopes rejeitava, na tarde de ontem, um empréstimo consignado oferecido a ele no valor de R$ 4,2 mil. "A financeira diz que esse valor é por causa da parcela do 13º, mas nem caiu ainda na minha conta. Achei que era mentira", conta.
Ele, que ainda trabalha como porteiro e protético, afirma que guarda toda renda extra que recebe e que trabalha em dois empregos para realizar um sonho: comprar a casa própria.
Aposentado há seis anos, Jair Tolentino tem outros planos para a primeira parcela de abono: ajudar a mãe. A poupança é feita mensalmente, com um pouquinho do benefício guardado. E, neste momento, também se preocupa com os filhos: "Os dois estão separados e voltaram a morar comigo", conta.