Restrição com sabor
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quinta-feira, 18 de maio de 2017
Marian Trigueiros<br>Reportagem Local
Estimativas de entidades ligadas a doenças celíacas (DC) apontam que 1% da população mundial seja acometida pela doença. No Brasil, um a cada 400 brasileiros. Mas no que implica essa doença que tanto tem se falado nos últimos anos? De acordo com a Fenacelbra (Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil), DC é uma resposta imunológica intensificada ao glúten ingerido (proteína presente no trigo, cevada e centeio) em indivíduos geneticamente suscetíveis, que causa, principalmente, um distúrbio inflamatório crônico do intestino delgado com vários agravantes.
A divulgação maciça da doença refletiu no aumento do número de diagnósticos. E isso contribuiu para que os estudos fossem aprofundados, revelando, também, as alergias e hipersensibilidades alimentares relacionadas à proteína. No entanto, não existe medicamento. Quer dizer, a dieta isenta de glúten, por toda a vida, constitui o único tratamento disponível até o momento tanto para a doença quanto para as intolerâncias. Por isso, quem descobre sua nova condição, num primeiro momento, se vê diante de uma alimentação restritiva.
Para desmistificar isso, a chef Luana Budel, consultora de gastronomia funcional e idealizadora do blog Falando Abobrinhas, aborda técnicas de cozinha e preparos que provam que é possível ter uma alimentação criativa e saborosa mesmo com restrições alimentares. "Um dos grandes problemas é que muitas pessoas que apresentam a doença ou intolerância possuíam uma alimentação baseada em comida processada. Que, por sua vez, não é adequada para ninguém. Quando é preciso retirar o glúten da alimentação, acreditam que não vão conseguir comer mais nada."
Pelo contrário, segundo ela, pois abre-se um leque de possibilidades de comida natural e saudável que não era explorado. "Todos os legumes, verduras, oleaginosas, frutas e alguns cereais podem ser consumidos perfeitamente. Até mesmo o trivial pode se tornar criativo. E para os pratos que usam a farinha de trigo em sua composição há alternativas simples, fáceis e, o melhor de tudo, saborosas", acrescenta. Dentre eles, ela destaca as diversas opções da panificação e confeitaria, além de massas em geral, que misturam outras farinhas em sua composição.
Quem pretende realizar um prato mais elaborado, porém acessível, a chef sugere uma polenta-lasanha com ragu de carne ou pato. "Essa receita leva ingredientes facilmente encontrados no mercado e sua realização é muito tranquila; não é necessário ser um expert da cozinha", diz, listando outros pratos como Focaccia de cenoura com sálvia e chutey de abobrinha, Tabule de painço com madeleines de abóbora, Torta de chocolate com compra de frutas e Crepe com receito de pera. "Não há limites."