Carille mexeu bem
O Corinthians desarmou 13 vezes no primeiro tempo, seis a mais do que o Palmeiras. Clássico não se vence apenas na vontade, mas também no espírito de luta. Em parte, foi isso o que Fábio Carille tirou da crise. A recuperação da fome.
O Palmeiras tentou jogar no ataque no início do jogo e o Corinthians não permitiu. Até os dez minutos do segundo tempo, 50% dos desarmes corintianos aconteciam da linha do meio de campo para a frente.
Carille também soube explorar o lado mais frágil da defesa do Palmeiras. Pela esquerda verde, marcavam Edu Dracena e Egídio.
Logo que chegou, Cuca entendeu que não poderia escalar Edu Dracena como quarto-zagueiro e Zé Roberto como lateral esquerdo. Escalou os dois contra o Internacional e só. Mas também evitou juntar Egídio com Dracena. Foram cinco partidas assim, apenas.
O lado esquerdo fica lento.
Egídio não acompanhou Romero no cruzamento de Rodriguinho do primeiro gol, observou Balbuena no gol de escanteio, o segundo, e Edu Dracena cometeu o pênalti no lance do terceiro gol.
O Corinthians foi muito melhor no primeiro tempo. Já era superior quando chegou ao primeiro gol, aos 27 minutos. Notáveis as atuações de Arana e Rodriguinho, melhores do que nas últimas partidas. Camacho não deu velocidade na saída para o ataque, mas a transição não era a prioridade da equipe. Desarmar no campo de ataque era.
No intervalo, Alberto Valentim não pôs o dedo na ferida. No intervalo, trocou Keno por Róger Guedes. Não mexeu na defesa.
Mas melhorou. Passou a jogar mais tempo no campo de ataque, também por ser do interesse do Corinthians. Carille preferiu esperar o adversário e contra-atacar. Jogo à feição corintiana. Ainda que se possa simplificar, é incrível a sequência. Nas 17 partidas em que o Corinthians teve mais posse de bola, seis vitórias, seis empates e cinco derrotas.
Nas 15 vezes em que, como nesse domingo (5), o adversário tomou as rédeas da partida, o Corinthians somou dois empates e uma derrota. A 12ª vitória foi contra o Palmeiras.
É símbolo do futebol brasileiro. Sem craques e sem trabalhos seguidos, é mais fácil bloquear quem não tem repertório para jogar.
O Palmeiras enfrentou o Corinthians três vezes neste ano e perdeu as três, com três técnicos diferentes. Em 2014, quando correu risco de rebaixamento, foram três clássicos com dois empates e uma vitória corintiana. Também foram três treinadores palmeirenses: Gilson Kleina, Ricardo Gareca e Dorival Júnior.
Não se trata da necessidade de manter o técnico, mas de ter uma ideia de jogo definida. Foi o que mais faltou ao Palmeiras neste ano, que terminará sem troféus.
Isso o Corinthians tem.
Carille explicou por que mudou o time e tirou Jadson da equipe: "Achei que meu meio de campo não estava jogando". Tinha razão. Rodriguinho subiu de produção, Romero também. O time reagiu.
O Corinthians jogará na quarta-feira (8) contra o Atlético-PR sem Cássio, Gabriel e Jadson, todos com o terceiro cartão amarelo. O Santos recebe o Vasco. Tirar seis pontos em seis jogos aconteceu com Manchester City contra o United em 2012, na Inglaterra. Mas não é comum.

O PREFERIDO
No dia de Levir Culpi quase demitido, uma das críticas era ter escalado Serginho contra o Sport e deixar Arthur de fora. O menino entrou contra o Atlético e foi bem. Fez gol! É esperança de ser o destaque do time nos próximos anos. Elano começou fazendo o que a diretoria desejava.

VINDE A MIM
Apesar da derrota do Flamengo, ainda é difícil Maomé ir à montanha. Ou seja, o São Paulo chegar à Libertadores. Mas somando pontos em todos os jogos e com a possibilidade de o G-7 virar G-9, é provável a montanha ir a Maomé. A Libertadores chegar ao São Paulo.