A hora de vencer
A primeira grande crítica a Rogério Ceni veio depois do jogo de ida da Copa Sul-Americana, contra o Defensa y Justicia. Dizia-se que prendia-se às suas ideias, sem abrir mão delas, mesmo quando os jogos indicavam mudanças. Por causa disso, não substituiu Buffarini em Buenos Aires, o que levou à sua expulsão.
Mesmo que as críticas tenham ficado muito mais pesadas depois da partida de volta contra o Defensa, a da eliminação, não é mais justo dizer que Rogério se prende às suas ideias teimosamente.
Não! Ele testa alternativas, mudou o sistema tático contra o Cruzeiro e deve alterar outra vez hoje à noite, contra o Avaí.
Os três zagueiros não funcionaram em Belo Horizonte. Depois de uma semana de trabalho intenso, Rogério parece propenso a devolver Buffarini, ou Bruno, ao lado direito da defesa.
O ponto mais positivo da alteração é permitir a Thiago Mendes jogar na sua real posição.
Na partida do vexame, contra o Defensa y Justicia, no Morumbi, Thiago Mendes era o melhor jogador da equipe quando Rogério trocou-o de função e mandou-o à lateral direita.
Thiago Mendes dá fluência ao meio-campo, especialmente em um momento da temporada em que Cueva não está bem. Contra o Cruzeiro, na estreia do Brasileirão, o meia peruano deu apenas quinze passes, dois errados. Thiago Mendes errou mais, oito, mas participou muito mais, com 74 entregas de bola para seus colegas.
A transformação do São Paulo da equipe das eliminações precoces para um time que dê alegria para a sua torcida passa pelo meio de campo mais forte na marcação e também mais criativo. Claudinei Oliveira trará o Avaí ao Morumbi disposto a complicar mais a vida de Rogério.
O time de Santa Catarina tenta acabar com sua rotina de time elevador, que sobe e desce ano após ano. Como empatou em casa na estreia, necessita de pelo menos mais um ponto.
O São Paulo, mais ainda. Terá cinco partidas como mandante até a oitava rodada, jogará no Morumbi hoje contra o Avaí e sábado contra o Palmeiras. O clássico é mais difícil e perigoso, porque a fúria da torcida pode aumentar se cair o tabu de quinze anos sem perder do rival em casa.
Além de Cueva, o São Paulo precisa do drible e da velocidade de Luiz Araújo. E de Lucas Pratto.
Fora da seleção argentina depois da troca de treinador, Pratto é apenas o vice-artilheiro do São Paulo na temporada. Gilberto espera no banco, mas quando joga faz mais gols.
Mesmo assim, Pratto é importate para prender a bola no ataque, para trabalhar na bola parada no ataque e também na defesa.
O São Paulo não tem um elenco para figurar abaixo de décimo lugar. A questão é a montagem da equipe, que precisa ser mais equilibrada.
Não significa que Rogério precise abrir mão de suas convicções. Significa que precisa estar atento a cada jogo, em cada momento, porque há momentos em que é preciso recuar e ser pragmático, para recuperar a confiança e jogar o futebol mais moderno possível.
Não se pede que Rogério Ceni abra mão de seu estilo. Apenas que compreenda o momento delicado de sua equipe.
Hoje, o São Paulo precisa de uma coisa apenas: vencer.

O Elenco
Cuca tem absoluta consciência de que ter o melhor elenco não basta. Até porque há jogadores que não jogam tão facilmente com a marcação individual que deseja. Jogam posicionados. Isto explica os reservas não terem a sobra que muita gente imagina. E perderem em Chapecó.

Não Perde
O Corinthians não perde e time que não perde tem alguma coisa. São quatro pontos em dois jogos e uma única derrota fora de casa, com gol irregular, contra a Ferroviária. Se se mantiver nesse trilho, o Corinthians de Fábio Carille pode sonhar pelo menos vaga na Libertadores.