Perfís perigosamente
conservadores
Com exceção de um representante da Fiep, todos aplaudiram a alta dos juros. Todos, digamos, os interessados: economistas do governo, economistas da transição, banqueiros e assessores de banqueiros e, naturalmente seus agregados.
O ideário social dos que formam a inteligência da economia brasileira é de matar de inveja a ortodoxia mais convencional do planeta. Keynes morreira de ''orgulho'' dessa gente.
Aplaudiram a alta dos juros. Apologia do medo, do retrocesso, do alto custo do dinheiro para que as pessoas não adquiram o essencial...assim não estarão gastando e, portanto, afastando o risco inflacionário. Leia-se acomodação de preços, já que a grande ameaça vem dos aumentos das tarifas públicas.
A falta de imaginação que permeou o mandato morimbundo de Malan, fez escola. E a figura caricata dele, brilha no apagar das luzes do governo. Pode? Ou a teoria econômica vigente é a da negação.
Já era espeado: o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou os juros básicos de 22% para 25% ao ano. A decisão foi aprovada pelos investidores, que gostaram do conservadorismo da instituição.
Tudo bem que essas taxas um dia foram de 48%. Mas ninguém suportava e a correção da inflação - na trajetória turva da economia - mascarava ganhos e perdas e todos saiam mais ou menos salvos.
A opção preferencial pela austeridade monetária do BC teve impacto positivo sobre o comportamento do câmbio: o dólar recuou pela quarta vez seguida, fechando em baixa de 1,4%, cotado a R$ 3,52, o valor mais baixo desde 20 de novembro.
Mas esse benefício é ilusório. O estrago vai se manifestar quando esse juro transparecer nas taxas de mercado (esse ano não dá mais), quebando o sujeito pelo cheque especial, pelo crediário da loja que vende camisa, pelo encalhe nos eletromésticos da fábrica que gera emprego.
Boi gordo - O comportamento dos preços da arroba, de agora até a virada do ano, só depende dos pecuaristas. Se eles ofertarem ''com parcimônia'', segundo os analistas de mercado, conseguirão manter o preço em alta. Mas, se continuarem vendendo (como fizeram nos últimos dias para aproveitar a alta de preços), vão acabar pressionando para baixo e interrompendo a ascensão de preços, que estava indo bem. Veja Coluna de Commodities'', pág.2.
Café/previsão - Se for cumprida a promessa do diretor do Departamento de Café do Ministério da Agricultura, Jaime Payne, o governo divulga amanhã, dia 19, a primeira estimativa de safra 2003/04. Também será divulgada a revisão da projeção para a produção atual. A divulgação se dará após o fechamento dos mercados futuros, às 17 horas.