Concluir o ensino médio, ser aprovado no vestibular e fazer uma graduação na universidade enquanto trabalha com os conhecimentos adquiridos na educação básica. Um sonho ideal cada vez mais distante de muitos brasileiros, que terminam o último estágio escolar sem a qualificação necessária para entrar no ensino superior ou mesmo no mercado de trabalho. Uma grande parcela de jovens que não trabalha e nem estuda. De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados em dezembro, o percentual da "geração nem nem" cresceu de 20% para 22,5% entre 2014 e 2015. Reflexos de uma formação falha durante a educação básica, principalmente no ensino médio, momento decisivo para o planejamento do futuro profissional.
Em sua edição de ontem, a FOLHA mostrou um estudo elaborado pelo Movimento Todos pela Educação, divulgado na última quarta-feira (18), que revela que apenas 7,3% dos estudantes do 3º ano do ensino médio tiveram aprendizado considerado adequado em matemática em 2015. Além do índice baixíssimo, o número é ainda mais alarmante, pois houve uma queda em relação ao levantamento de 2013, quando o percentual era de 9,3%. Se consideradas apenas as escolas públicas, o índice cai para 3,6% com aprendizado adequado. Os números são baseados no resultado da Prova Brasil e do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), aplicados em 2015.
Especialistas afirmam que a educação começa a se perder entre o 6º e o 9º ano, já que as melhorias dos anos iniciais não se confirmam no ensino médio. Além disso, a didática dentro da sala de aula estaria distante da realidade dos alunos, o que dificulta ainda mais o aprendizado, com consequências no mercado de trabalho e menos profissionais qualificados para executar operações básicas na matemática, tão presentes no cotidiano das empresas e nas relações comerciais.
A universalização da educação ainda é uma das principais metas do governo federal, como pôde ser visto no Plano Nacional de Educação (PNE) aprovado em 2014. Mas é necessário ir além do acesso para melhorar a qualidade do ensino, principalmente com a formação continuada de professores com ferramentas disponíveis nas escolas públicas. O Brasil não pode perder mais tempo. É preciso investir no ensino médio e preparar os futuros profissionais com qualificação para o competitivo mercado de trabalho, tão importante para a economia do País.