Mais uma vez, o cotidiano de uma grande cidade europeia foi brutalmente interrompido por um ato de terrorismo, já reivindicado pelo Estado Islâmico. O grupo voltou a usar um veículo como arma na última quinta-feira (17), em Barcelona, quando uma van atropelou vários pedestres nas Ramblas, uma via pública movimentada na praça central à orla da cidade turística.

Segundo informações das autoridades na Catalunha, 13 pessoas morreram no local e outras 100 vítimas foram encaminhadas com ferimentos aos hospitais. Mais tarde em Cambrils, a 120 quilômetros ao sul de Barcelona, um automóvel atropelou várias pessoas em um calçadão e atingiu uma viatura da polícia regional catalã, o que provocou um tiroteio e a morte de cinco terroristas, entre eles, o suspeito de conduzir a van em Barcelona. Na sexta-feira (18), a morte de uma mulher foi confirmada no ataque em Cambrils.

Na manhã seguinte ao dia de terror, surgem as histórias das vítimas da tragédia. O italiano Bruno Gulotta foi atingido quando estava de mãos dadas com o filho Alexandre, de 5 anos. A esposa estava com a filha Aria, de apenas um ano, mas conseguiu puxar a criança e salvá-la.

Famílias, cidades turísticas, eventos musicais e jogos de futebol estão entre os alvos dos terroristas, infiltrados no Ocidente, convivendo lado a lado com suas vítimas. Um inimigo sem rosto em uma guerra que ora parece distante, reservada ao Oriente Médio, ora surpreende e se revela tão perto, como nos ataques a Paris em novembro de 2015 e no início do mesmo ano ao jornal Charlie Hebdo. A liberdade de se divertir, de ir e vir, a democracia da opinião ameaçadas pelo terror.

Apesar dos ataques imprevisíveis, incentivados pelo Estado Islâmico pela internet, o que influencia atos isolados de "lobos solitários" e ao mesmo tempo diminui as chances dos serviços de inteligência, os europeus mostram resistência e solidariedade para enfrentar o terror.

Durante as homenagens no dia seguinte ao ataque, o povo catalão gritou "não tenho medo" em Barcelona. Várias homenagens também na capital Madri revelam que apesar do movimento separatista catalão, a Espanha mostra união e solidariedade no momento em que o país e a vida dos espanhóis são atacados por um inimigo em comum. Em Manchester, depois do ataque terrorista durante o show da cantora Ariana Grande, que vitimou jovens e crianças, os ingleses adotaram a música
"Don´t look back in anger", da banda de rock Oasis, como um hino de resistência e solidariedade. Talvez, não olhar para trás com rancor seja a única saída.