É consenso na sociedade brasileira que a educação precisa de mais investimentos e atenção por parte dos governos federal, estaduais e municipais. A educação pública de qualidade está na plataforma de todo o político candidato a um cargo público. Mas, na prática, não se percebe um avanço. O estudo Políticas Públicas para Redução do Abandono e Evasão Escolar de Jovens, elaborado pelo Insper (Ensino Superior em Negócios, Direito e Engenharia) mostrou que todos os anos quase 3 milhões de jovens abandonam a escola no Brasil. Ao final deste ano letivo, portanto, um em cada quatro estudantes entre 15 e 17 anos de idade vai abandonar os estudos, não vai se matricular para o ano seguinte ou será reprovado. A pesquisa foi divulgada na última terça-feira (17) e trouxe números que desmontam qualquer teoria de que o Brasil é um país que tem na educação um projeto de desenvolvimento social e econômico. De acordo com o estudo, há atualmente no Brasil cerca de 10,3 milhões de jovens entre 15 e 17 anos que, segundo a Constituição, deveriam obrigatoriamente estar frequentando a escola. Desse total, 1,545 milhão de jovens (15%) sequer vão se matricular no início do ano letivo. E muitos, depois de ingressarem no mercado de trabalho, dificilmente retornarão aos bancos escolares, diminuindo as chances de uma boa carreira profissional. Dos 8,8 milhões de jovens que efetuam a matrícula, 721 mil (7%) vão abandonar a escola antes do final do ano letivo. A pesquisa apontou ainda que cerca de 515 mil (5%) serão reprovados por faltas. Como resultado dessa elevada evasão e abandono, apenas 6,077 milhões de jovens entre 15 e 17 anos (59% do total) concluem o ensino médio com no máximo um ano de atraso. A evasão escolar (ausência da matrícula no início do ano letivo), abandono escolar (desistência durante o ano) diminuem a chance de um futuro melhor para esses adolescentes e também traz um prejuízo econômico de cerca de R$ 35 bilhões por ano ao País. Para o Insper, o Brasil segue na contramão de uma tendência mundial, pois dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura revelam que enquanto 74% dos países avançam mais rapidamente na inclusão de pessoas de 15 a 17 anos, o Brasil está estagnado. Se não houver educação, não há futuro.